Gregório Lopes de Abreu – Chegou a Pernambuco entre os séculos XVI e XVII. Almoxarife e Feitor da Capitania de Pernambuco. Militar e Capitão da Guarnição da Praça, chegando ao posto de Mestre de Campo General. Lutou na guerra contra os holandeses com seus 05 irmãos. Acompanhou Martim Leitão na conquista da Paraíba. Foi um dos Capitães enviados pelo Gov. Matias de Albuquerque em socorro a Bahia, que estava sendo atacada pelos holandeses.
NOTA 1: Segundo Borges da Fonseca (Nobiliarquia Pernambucana- Anais 1939 Vol. 61 – [1]): Em 12/01/1635-Lisboa, Gregório Lopes de Abreu, filho de Miguel de Abreu Soares e genro de Antônio de Barros Rego, fez um requerimento solicitando os serviços de seu pai e sogro, anexando 05 documentos.
NOTA 2: Carta (24.01.1635) do Juiz da Índia e Mina, Antônio de Beja, ao rei D. Filipe III, sobre o requerimento de Gregório Lopes de Abreu, em que pede o ofício de Feitor e Almoxarife da Fazenda Real da capitania de Pernambuco, em remuneração dos serviços prestados por seu pai, Gregório Lopes de Abreu.
Senhor dos engenhos: Nossa Senhora do Rosário/Recife; São Timóteo/Recife (antes de 1593); Abreu/Tracunhaém.
C 01- Maria Caminha Rego – Filha de Belchior Caminha Villas Boas e de Vitória de Barros Rego. Filhos:
01- Miguel de Abreu Soares – Nascido por volta de 1614. Imigrou para o Rio de Janeiro. C.c. Branca de Lemos “Peixoto”, por volta de 1644
Projeto Resgate - Pernambuco (1590-1826). https://bdlb.bn.gov.br/acervo/handle/123456789/390902
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1885-1886 Vol 13 (4) Pág 140, 155, 157, 276
Alexandre José Mello Moraes, Basto (Marquez de.) e Ignacio Accioli de Serqueira e Silva. Memórias diárias da guerra do Brasil por espaço de nove annos: começando em 1630 deduzidas das que escreveu o Marquez de Basto, Conde e Senhor de Pernambuco. Typ. de M. Barreto, 1855
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1939 Vol 61 (1) Anais 1925 Vol 47 (10). Pág. 138, 140, 141
http://geneall.net/en/forum/80272/o-brasil-nos-velhos-nobiliarios-parte-i/
http://geneall.net/pt/nome/578679/maria-caminha-rego/
LEONARDO DE SOUZA, Mariana. "Frei Vicente do Salvador - A História do Brazil". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Frei_Vicente_do_Salvador_-_A_Hist%C3%B3ria_do_Brazil. Data de acesso: 6 de julho de 2014.
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 59
PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais Pernambucanos. 1795-1817. 2ª Edição. FUNDARPE. Gov. de Pernambuco. Recife, 1983. Vol. 1 pág: 150, 550. V. 2 pág. 440
Ambrósio Fernandes Brandão – Nasceu em 1555/Portugal e faleceu em 1618. Cristão novo. Residiu em Lisboa, entre 1607 e 1618. Mercador em Goa e em Lisboa. Viveu primeiro em Olinda (1583 a 1597), depois na Paraíba (1607 a 1618).
Feitor ou escrivão no engenho do rico cristão-novo Bento Dias Santiago, seu contemporâneo da 1ª Visitação do Santo Ofício a Pernambuco. Recebedor dos dízimos do açúcar da Capitania de Pernambuco (1583). Participou da expedição para a conquista da Paraíba (1585). Capitão-mor. Governador do Rio Grande do Norte. Participou da Restauração Pernambucana. Conhecedor do litoral brasileiro, principalmente do RN, PB e PE.
Como escritor escreveu um livro Diálogos das Grandezas do Brasil, um dos mais importantes textos do século XVII no Brasil. A análise interna da obra permite-nos perceber que seu autor é um cristão-novo cuja visão de mundo difere de outros cronistas e viajantes da época. Seu discurso apologético acerca do homem do Brasil tem ressaibos iluministas, tornando a obra de Brandão praticamente única em seu século.
Estabeleceu-se na Paraíba (1613), onde dizia que: “um bom engenho devia contar, no mínimo, com 50 escravos, 15 juntas de bois, além de muita lenha e dinheiro”.
Durante a ocupação holandesa seus engenhos foram confiscados, pela Companhia das Índias Ocidentais e vendidos ao holandês Isac de Rosière. NOTA: Depois da Restauração Pernambucana, seus engenhos passaram a pertencer a João Fernandes Vieira.
Senhor dos engenhos: do Meio/Paraíba; São Cosme e São Damião/Paraíba; Gurjaú/Paraíba (cuja capela dedicada a Santana ainda se encontra de pé) Abreu/Tracunhaém; Arandú de Baixo/Cabo de Santo Agostinho; Meio/Igarassu; N. Sra. do Rosário/Recife; São Bento (Segundo Vasconcelos Sobrinho foi fundado em 1590 por Ambrósio Brandão).
Fontes:
SILVA, Janaína Guimarães da Fonseca, Cristãos-Novos no negócio da Capitania de Pernambuco: relacionamentos, continuidades e rupturas nas redes de comércio entre os anos de 1580 e 1630
BRANDÃO, Ambrósio Fernández, Diálogos das Grandezas do Brasil
RIBEMBOIM, José Alexandre, Senhores de Engenho, Judeus em Pernambuco Colonial - 1542-1654.
SALVADOR, Frei Vicente o, História do Brasil
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=602
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ambr%C3%B3sio_Fernandes_Brand%C3%A3o
João Fernandes Vieira – Nasceu em 29.06.1596-Funchal/Ilha
da Madeira/PT. Filho de Francisco de Ornelas Muniz
com Antônia Mendes.
Em 1606, como não era o filho primogênito,
herdeiro de todo o legado dos pais, se viu obrigado a emigrar para o “Além
Mar”. Assim que chegou a
Pernambuco trocou o seu nome de Francisco de Ornelas Moniz Júnior, para João
Fernandes Vieira, um disfarce usado pela corrente emigratória, que queriam esconder sua origem nobre, pois trabalhariam em serviços
braçais, uma desonra para a época.
Ajudante de mascate, em troca
de comida e morada. Auxiliar do Mercador Afonso Rodrigues Serrão, que ao
falecer o deixou como único herdeiro do seu negócio e de algumas casas em
Olinda. Durante a ocupação holandesa (1630), se alistou como voluntário de
guerra. Em 1634, participou da resistência luso-brasileira no Forte de São
Jorge.
Homem de aspecto melancólico, testa batida,
feições pontudas, olhos grandes, mas amortecidos, e de poucas falas, exceto
quando se ocupava de si, pois desconhecia a virtude da modéstia. Ativo,
ambicioso e inteligente, durante o cerco ao Arraial do Bom Jesus/Recife
estabeleceu ligações estreitas com os holandeses, o que lhe proporcionou
ascensão econômica.
Feitor-mor do Conselheiro
Político da Companhia das Índias Ocidentais, Jacob Satchhouwer, nos engenhos:
Ilhetas ou N. Sra. de França, ou N. Sra. de Guadalupe/Serinhaém,
Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes. NOTA: Em seu testamento
Fernandes Vieira declarou "... que no tempo dos holandeses por remir minha vexação e viver mais seguro entre
eles, tive apertada amizade com Jacob Estacour (Satchhouwer), homem
principal da nação flamenga, com diferença nos costumes, e com ele fiz negócios
de conformidade e por conta de ambos (...)
Com a partida de Satchhouwer e de seu sócio de Nicolaes de Rideer,
Vieira, como procurador bastante dos dois sócios, passou a lucrar com a
administração de todos os bens deixados e dos fundos do seu amigo e benfeitor
Stachouwer. Logo se apoderou dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas,
ou N. Sra. de França, ou N. Sra. de Guadalupe/Serinhaém,
Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo
de Santo Agostinho, assumindo os débitos, contraídos que nunca foram pagos, pelos dois sócios na compra
das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais. João Fernandes Vieira se tornou depois um dos homens mais ricos da Capitania, proprietário de 16
engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Cargos e funções: Escabino de Olinda (1639); Escabino de Recife
(07/1641 a 06/1642, sendo conduzido ao cargo de 1642/43). Contratador de
dízimos de açúcar da Capitania de Pernambuco e de Itamaracá.
Representante dos luso-brasileiros da Várzea do Capibaribe na Assembleia
convocada pelo Conde Maurício de Nassau para assuntos do governo (1640). Mestre
de Campo do Terço de Infantaria de Pernambuco. Participou da defesa do Arraial
do Bom Jesus/Recife (1635), com apenas 22 anos.
Embora fosse um dos homens mais importantes da Capitania, para ser
incorporado à nobreza rural de Pernambuco, em razão de sua suposta cor parda,
de seu “defeito mecânico” (trabalhos manuais) e de sua “falta de qualidade de
origem”, teve que contrair matrimônio com D. Maria César, membro da mais alta sociedade da época.
NOTA: João Fernandes Vieira levantou em Olinda a Igreja de N. Sra. do Desterro, hoje conhecida por Santa Thereza, onde antigamente funcionava o
Colégio dos Órfãos de Olinda.
Fernandes Vieira era um dos maiores devedores da Companhia das Índias
Ocidentais, com uma dívida estimada em 219.854 florins, que nunca foi paga,
pois alegou no seu Testamento que os chefes holandeses "são devedores de
mais de 100 mil cruzados (...) de peitas e dádivas a todos os governadores
(...) grandiosos banquetes que ordinariamente lhes dava pelos trazer
contentes".
Após a partida do Conde Maurício de Nassau (1644) Vieira viu a
intensificação da insatisfação do povo pernambucano, influenciado pelo seu
sogro e percebendo as vantagens econômica e social a serem alcançada com a
expulsão dos holandeses e da Companhia das Índias Ocidentais passou para o lado
dos insurrectos pernambucanos.
Reúne-se com várias lideranças rurais nas matas do eng. Santana/Jaboatão dos Guararapes,
onde traçam os planos para expulsar os holandeses do Brasil. Como contragolpe,
lança a campanha de Restauração de Pernambuco, servindo-se da mesma táctica
manhosa dos inimigos, passou a circular nos dois lados. Nessa mesma época os holandeses o chamam para ser Agente de
Negócios da Companhia e membro do seu Conselho Supremo, ficando Vieira,
conhecedor de todas as tramas e recursos.
João Fernandes Vieira escreve a D. João IV pedindo-lhe licença para
resgatar as Capitanias invadidas pelos holandeses, ao que o Monarca se
opõe.
Descobrindo os holandeses os seus intentos, atraíram-no ao Recife, mas
Vieira iludiu-os e pôs-se em campo, levantando a bandeira da Insurreição
Pernambucana – de fazenda em fazenda, de engenho em engenho incentivando a
revolução e declarando traidores os que não seguissem a sua causa. O Conselho
holandês põe a cabeça de Vieira em prêmio e em resposta Fernandes Vieira põe
preço a cabeça dos membros do Conselho e se torna um dos líderes da chamada
Insurreição Pernambucana e um dos heróis da Restauração de Pernambuco.
NOTA: Segundo José Antônio Gonçalves de Melo: A
insurreição de 1645 foi preparada por senhores de engenho, na sua maior parte,
devedores a flamengos ou judeus da cidade. Foi nitidamente um levante de
elementos rurais, no qual tomaram parte, negros escravos, lavradores, pequenos
proprietários de roças, contratadores de corte de pau-brasil, e outros.
Após a tomada do eng. Casa Forte, Vieira voltou com seus homens ao seu
eng. São João/Recife-Várzea do Capibaribe, e de lá iniciou um sistema
de estâncias militares, espécie de fortificações onde pudessem estar
seguros e guardar pólvora e munições de guerra. Vieira participa da guerra
contra os holandeses e, vence junto com sua tropa, a Batalha das Tabocas em
Vitória de Santo Antão/PE, em 03/08/1645, e a Batalha de Casa Forte/Recife,
junto aos heróis: André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão, em
17/08/1645.
Com a Batalha dos Guararapes, sob o comando do General Barreto de Meneses,
em 19/04/1648 e 19/02/1649, os holandeses são finalmente vencidos e expulsos de
Pernambuco e, como pelos serviços prestados na guerra João Fernandes
Vieira é recompensado pelo Rei D. João IV com os cargos: de Governador da
Paraíba (1655/57), Capitão General do Reino de Angola (1658/61) e
Superintendente das Fortificações de Pernambuco e das Capitanias vizinhas, até
o Ceará, (1661/81).
Depois do tratado de paz entre Portugal e a Holanda (1661), Fernandes
Vieira figurava em 2º lugar na lista de devedores dos brasileiros à Companhia
das Índias Ocidentais, com o débito de 321.756 florins, cuja dívida nunca foi
paga.
Já idoso Fernandes Vieira encomenda ao Frei Rafael de Jesus um livro sobre
a sua vida, exaltando seus feitos, a exemplo do que Gaspar Barléu havia escrito
sobre o conde Maurício de Nassau, surgindo assim o Castrioto lusitano, no
qual o autor o compara ao príncipe guerreiro albanês Jorge Scanderberg
Castrioto, que lutou intensamente contra os turcos e a Sérvia pela recuperação
da Albânia, que havia sido anexada à Turquia. Vieira falece, com 85 anos de
idade, em 10/01/1681-Olinda, mas só em 1886 seus restos mortais foram descobertos
na capela-mor da igreja do Convento de Olinda. Em 1942, seus ossos foram
trasladados para a Igreja de N. Sra. dos Prazeres dos Montes
Guararapes, sendo depositados na parede da capela-mor, com uma inscrição
comemorativa.
Senhor dos engenhos: Abiaí/Itamaracá; do Meio/Recife-Várzea;
Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas, Nossa Senhora de França, ou N. Sra. de Guadalupe/Serinhaém; Jacaré/Goiana; Molinote, ou Santa Luzia, depois
Sacambu/Cabo de Santo Agostinho; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo
André/Jaboatão dos Guararapes - Muribeca; Santo Antônio/Goiana; São João
(antes Nossa SenhoraN. Sra. do Rosário)/Recife-Várzea; Velho ou da Madre de Deus/Cabo
de Santo Agostinho. Na Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos
Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
C01: D. Maria César (1643), filha do madeirense Francisco
Berenguer de Andrade (um dos principais líderes da Insurreição pernambucana e
senhor do eng. Giquiá/Recife), pessoa de boa estirpe perante o clã dos
Albuquerque, e de Joana de Albuquerque. (s.g.)
Filhos fora do casamento:
01- Manuel Fernandes Vieira - Sacerdote do
hábito de São Pedro com ações de algumas Mercês de seu Pai. Vigario de
Itamaracá e senhor do eng. Inhaman. Perfilhado nos livros de Sua
Magestade. Comendador de Santa Eugénia Alla, que vagou por falecimento de seu
Pai João Francisco;
02- D. María Joanna - Filha natural
de João Fernandes Vieira e de D. Cosma Soares. C.c. Jerônimo Cesar de Mello que era Fidalgo da Casa Real, Cavalheiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor
de Maranguape. Filho de Agostinho Cesar de Andrada (Gov. do Rio Grande do
Norte) e de D. Laura de Mello;
03- D. Joaurza Fernandes Cesar - C.c. Gaspar Achioli de Vasconcellos, Fidalgo Cavalleiro da Casa Real. Filho
de João Baptista Achioli e de sua mulher D. Maria de Mello.
Alcaide-mor da cidade da Paraíba do Norte, e senhor do eng.
Santo Andre;
04- Maria de Arruda - Falecida ainda criança.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana.
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Anais 1885-1886 Vol. 13; 1902
Vol. 24; 1925 Vol. 47; 1926 Vol. 48
CALADO, Frei Manoel. O Valeroso Lucideno e triunpho da liberdade,
Edições Cultura, São Paulo, 1943, tomo I, p. 318 e tomo II, p. 12, 14
Diário de Pernambuco. Os Holandeses em Pernambuco – Uma História de 24
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Açucareira. Inventário feito pelo Conselheiro Schott Cia. CEPE,
MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória Local: Recife, 1981
Francisco Adolpho de Varnhagen, E. e H. Laemmert, 1857. Historia geral do
Brazil, Volume 2.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Restauradores de
Pernambuco: biografias de figuras do século XVII que defenderam e
consolidaram a unidade brasileira: João Fernandes Vieira. Recife: Imprensa
Universitária, 1967. 2
Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco.
Vol. LVI. Recife, 1981.
____________________________________________________________ Vol. 1,
Edições 1-12
SANTIAGO, Diogo Lopes, História da Guerra de Pernambuco, Fundação do
Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Recife, 1984, p. 258