Fontes

A maioria das informações vêem com a devida validação abaixo da publicação. Algumas não foram possíveis de indicar a fonte, mas demos à informação o valor e a importância que mereceu e esperamos poder validá-la com posteriores pesquisas.

15/12/2014

Apipucos/Recife-Apipucos

          Nome histórico Ibipupurá (Ĩbipúpura; Ibipupura); Apipucos (Apipupos; Abbacuquí; Abacoúqús); de Gaspar de Mendonça.
Engenho Apipucos - Recife-Apipucos
          Significado de Apipucos — (Arrabalde da cidade do Recife) — Corr. de apé-puc, o caminho se divide ou se parte; a encruzilhada; pode ser também corrupção de apé-puçú, caminho ou vereda longa. (Th. S., 111) — Alfredo de Carvalho. NOTA: A interpretação de Alfredo de Carvalho para Apipucos parece ser a mais verdadeira, face à circunstância de que o caminho colonial, na direção do Recife, nesse engenho, se dividia em dois, um para o Engenho São Pantaleão e o outro diretamente para o 'Arrayal' (Arraial Velho do Bom Jesus).
          Hoje o engenho está destruído e sua área reocupada pelo bairro de Apipucos/Recife, mas sua igreja sobrevive ao tempo, embora com algumas modificações.
          Em sua origem, as terras de Apipucos faziam parte do engenho São Pantaleão do Monteiro/Recife-Monteiro, como consta em uma escritura de venda do mesmo engenho, lavrada na vila de Olinda em 05/12/1577, em que se declara que as “ditas terras eram situadas na Várzea do Capibaribe, e que foram dadas de partido a André Gonçalves, com os seus canaviais e matas, e que ele moeria as canas de sua cultura no eng. Monteiro, ficando assim o comprador com a obrigação de fazer a safra, daquele ano em diante, e as que se seguissem, mediante particular contrato a respeito com o novo senhorio”.

André Gonçalves – (nada foi encontrado)
Proprietário de um partido de cana no engenho São Pantaleão, em 1577, e que depois foi vendido a Leonardo Pereira e sua esposa D. Brásia Pinta.
Senhor de um partido de cana no engenho São Pantaleão
Fontes:
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penquin & Companhia das Letras. 1ª edição. São Paulo, 2012. Pág. 66

          André Gonçalves depois vendeu seu partido de cana a Leonardo Pereira, cuja escritura foi lavrada na vila de Olinda em 05/12/1577. Essas terras ficavam localizadas na margem esquerda do Rio 'Capĩibarĩ' (Rio Capibaribe), freguesia da Várzea, cidade de Olinda e Capitania de Pernambuco.

Leonardo Pereira – Nada foi encontrado.
Senhor do engenho Apipucos/Recife-Apipucos
Casamento 01: Brásia Pinta, processada pela Inquisição por práticas judaizantes.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço da Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012. pág 66.

          Em 1593, Leonardo Pereira constrói a fábrica, cuja moenda era movida a água, de acordo com os autos de uma questão que houve entre este e o proprietário do vizinho eng. Monteiro, sobre os limites extremos das duas propriedades. 
          Seus edifícios ficavam situados à margem esquerda do Rio Capibaribe, na larga faixa de terra que corre ao longo da quebrada da colina. A capela sob a invocação de Nossa Senhora da Madre de Deus e depois de Nossa Senhora das Dores olhava para o poente. A moenda da fábrica era movida a bois e o açúcar fabricado era transportado em batéis pelo Rio Capibaribe com destino a Praça do Recife.
          A casa grande ficava localizada à esquerda, ao subir da ladeira, na planície da colina, à direita e próxima à quebrada que dá para o Rio, na rua principal da atual povoação, e a certa distância da frente da capela, tendo a sua face lateral para o Oriente no começo da rua levava ao engenho Dois Irmãos/Recife-Dois Irmãos, e assim ocupando uma bela situação. NOTA: Da antiga casa grande do engenho hoje resta somente a metade, que convertida em garagem da casa nº 1031. No jardim, existe uma fonte ferruginosa. Desde 1916, por longos anos, foi residência do Sr. Max A. Dietiker.
          Em 1618 o engenho estava com todas as suas edificações concluídas, pagava 4% de pensão ao Donatário, e passa a ser chamado de “engenho Apipucos”, como era conhecida a povoação indígena existente na localidade, desde antes a chegada dos portugueses a Pernambuco.
          O engenho Apipucos foi citado nos seguintes mapas coloniais: Præfecturæ Paranambucæ pars borealis, una cum Præfectura de Itâmaracâ; PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve, plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ Abbacuquí', na m.e. do 'Capauiriuÿ' (Rio Capibaribe); IT (IAHGP-Vingboons, 1640) #43 Capitania de I. Tamarica, plotado como engenho, 'Ԑ Abbacuqui', na m.e. do 'Capauiriuÿ' (Rio Capibaribe); Y-41 (4.VEL Y, 1642) De Cust van Brazil tusschen Cabo St. Augustijn ende hoeck van Pommarel, plotada com símbolo de povoação, 'Abacoúqús', na m.e. do 'Rº: ∂e Avoga∂os:';  PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado como engenho,   'Ibipupura.', na m.e. do 'Capiibari'.
          Em torno de 1594 seu proprietário era D. Jerônimo de Almeida. 

D. Jerônimo de Almeida – Nascido em torno de 1540. Filho de D. João de Almeida e de Luisa de Ornelas. Neto paterno de D. Bernardim de Almeida e de Guiomar Freire. Neto materno de Francisco Dias, Escrivão da Casa da Índia. Governador de Angola (1593/1594).
Capitão-General e Governador do Reino de Angola (1593-4). Residente em Olinda. Comandante de uma esquadra portuguesa, em 1622.
Senhor do engenho Apipucos/Recife-Apipucos
Casamento 01: D. Paula Paes, no Brasil 1545, filha de Cristóvão Paes de Pernambuco e de (?).
Filhos: 01- D. Cristóvão de Almeida terceiro marido de Luisa de Távora, filha de Luiz Pires de Azambuja. (s.g.); 02- D. Luisa; 03- D. Maria de Noronha casada em Madri com Diogo Ximendes.
Casamento 02: Maria Manoel (1550), filha de Diogo Roiz, o Mulato, mercador muito rico. (s.g.)
Casamento 03: Branca da Gama, filha de Vasco da Gama. (s.g.)
Filhos com (NI):
04: D. João, que foi para a Índia e faleceu em Barcelos/PT.
Fontes:
African States and Rulers, John Stewart, McFarland
http://geneall.net/pt/nome/111497/d-jeronimo-de-almeida/
http://www.receita.fazenda.gov.br/Memoria/pessoal/alfandega_salvador/funcionarios.asp
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço da Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012. pág 66.
Nobiliário das Famílias de Portugal - vol. I - pg. 281 (Almeidas)
Rulers.org – Angola
worldstatesmen.org – Angola

          No ano de 1608 aparece como proprietário Antônio de Mendonça, de acordo com o registro de casamento de seu filho Gaspar de Mendonça, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição no dia 31/05/1608-Olinda.

Antônio de Mendonça Saraiva (Antônio Coronel) – Judeu. Filho de Heitor Coronel, nascido em Salvaterra/Reino da Galiza-Espanha, casado em Monção/PT, na família Saraiva de origem cristã-nova. Em 1612, Antônio Coronel imigrou para Amsterdã, deixando em Pernambuco os seus filhos.
Em princípios do século XVII a família Mendonça Saraiva, já se encontrava bem estabelecida na Capitania de Pernambuco. Irmão de Duarte Mendonça Saraiva que assumiria livremente sua condição de judeu, sendo conhecido por David Sênior Coronel, e que foi senhor dos engenhos: Velho do Beberibe, Bom Jesus do Cabo, São João do Salgado, Novo do Cabo, Camaçari, Rosário da Torre e o Madalena, este último, vendido ao seu sobrinho João de Mendonça, antes em 1650. Neto paterno de D. Antônio Coronel, que serviu em Salvaterra na Galiza, passando em 1588 à Portugal onde viveu em Monção, casado com a espanhola D. Isabel Diaz.
Relacionamento 01: Maria da Silva, uma mulher solteira, de acordo com o assento do segundo casamento de seu neto Cristóvão de Paes Mendonça, Livro Velho da Sé de Olinda em 03/01/1612.
Filhos encontrados: 01- João de Mendonça – Crípto-judeu. Senhor do engenho da Madalena/Recife-Madalena (1630); 02- Gaspar de Mendonça Crípto-judeu. Senhor do engenho Apipucos/Recife-Apipucos.
Fontes:
http://www.familiaaffonsodealbuquerque.50webs.com/index33.html
               
          Em 1618, a engenho Apipucos é reconstruído ou modernizado, tendo uma moenda movida à água, de acordo com os autos de uma questão que houve entre este e o proprietário do vizinho   eng. Monteiro, sobre os limites extremos das duas propriedades.
          Os canaviais ficavam em terrenos baixos e planos, que se estendia ao longo da colina, em frente à capela, e desciam às suas quebradas, limitadas pelo Rio Capibaribe, ao poente, e pelo grande açude Apipucos, ao nascente; e assim chegando ao começo da hoje Avenida Dois Irmãos/Recife-Dois Irmãos. Ao se chegar aos extremos da povoação existente no local, estendiam-se ali uma ilha limitada, por um lado, pelo Riacho Camaragibe e pelo outro lado, pelas terras do lavrador Lourenço Cavalcante Bezerra, conhecido como “o da Ilha”, por morar neste partido do engenho.

Lourenço Cavalcante Bezerra – (nada mais foi encontrado)
Casamento 01: D. Branca (de Castro Rocha ou Pereira)., filha de Marcos de Castro Rocha e de D. Isabel Pereira.
Filhos: 01- José Ignácio Cavalcanti; 02- Ignácio José Cavalcanti; 03- D. Francisca Cavalcante Bezerra; 04- D. Joanna Francisca Teresa do Espírito Santo c.c. Luiz de Albuquerque Maranhão.
Lavrador do engenho Apipucos/Recife-Apipucos
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925, Vol 47

          O açúcar fabricado no engenho descia pelo rio em batéis para o mercado da Praça do Recife. Seus edifícios estavam situados à margem esquerda do rio Capibaribe, na larga faixa de terra que corre ao longo da quebrada da colina, e fronteiras à fachada lateral da capela que olha para o poente. A casa de vivenda dos seus proprietários era bem construída e ficava localizada na planície da colina, à direita e próximo à quebrada que dá para o rio, na rua principal da povoação, e a certa distancia em frente à capela, tendo a sua face lateral que olha para o oriente ao correr do começo do caminho que vai para Dois Irmãos, e assim ocupando uma aprazível e bela situação.
          Entre os moradores do engenho de 1617 podemos citar Pedro Cardigo, o Velho.

Pedro Cardigo, o Velho – Tesoureiro das Fazendas dos Defuntos, Alvará de 11/05/1568, chancelaria de D. Sebastião e D. Henrique, l. 23, fl. 75 v.*, que segundo documentos antigos morava no engenho Apipucos, em torno de 1617.
Casamento 01: (NI)
Filhos: 01- D. Anna Cardigo c.c. Simão Barbosa Cordeiro, que assistia em Pernambuco (1617), e depois foi para a Bahia onde nasceu seu filho Frutuoso Barbosa Cordeiro.
Morador do engenho Apipucos/Recife
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (8). Pág 187
*Inventário dos Documentos Relativos ao Brasil, existentes na Biblioteca Nacional de Lisboa. Vol. 75

          Durante a invasão holandesa seu proprietário era Gaspar de Mendonça herdeiro de seu pai Antônio de Mendonça. Em 1623 o engenho produziu 2.380 arrobas de açúcar no seu engenho Apipucos.

Gaspar de Mendonça – Cristão-novo. Filho de Antônio de Mendonça Saraiva e de Maria da Silva, uma mulher solteira, de acordo com o assento do segundo casamento de seu neto Cristóvão de Paes Mendonça, Livro Velho da Sé de Olinda em 03/01/1612. Irmão de João de Mendonça do eng. Madalena. Capitão de Infantaria do 3º do Mestre de Campo Francisco de Figueiroa, em 14/11/1664, no qual foi reformado. Vereador de Olinda, em 1669 e 1674. 
No princípio da invasão holandesa ficou do   lado dos invasores. Em 1634, Gaspar de Mendonça e alguns de seus familiares foram feitos prisioneiros pelos holandeses, após o ataque ao seu engenho Apipucos.  Serviu na guerra contra os holandeses, onde foi ferido em Itamaracá.   De acordo com a lista de devedores da Companhia das Índias Ocidentais, Gaspar de Mendonça em 1645 e 1663, devia 865 florins.
CURIOSIDADES: Gaspar de Mendonça vendo-se quase desesperado de uma injustiça notável que lhe fizeram, se pôs no meio da Rua Nova/Olinda, e as altas vozes exclamou: Aonde estão os irmãos da Santa Casa da Misericórdia, tão zelosos das obras de caridade, e do serviços de Deus? Venham aqui para darem sepultura à Justiça, que morreu nesta terra, e não há quem a   enterre honradamente. Nessa altura o Ouvidor da Capitania estimulado desta queixa mandou chamar o tabelião Luiz Marreiros, e com ele fez um auto de afronta, e quis prender Gaspar de Mendonça, e castigá-lo, mas não conseguiu pois Gaspar se escondeu.
CURIOSIDADES: Durante a batalha do eng. Casa Forte o Governador Fernandes Vieira encomendou a Gaspar de Mendonça, que com seus escravos e redes mandasse levar alguns feridos para a Várzea para serem curados, e outros mandasse levar para sua casa, e cuidasse deles.
Senhor do engenho Apipucos/Recife em 1630, de acordo com anotações do General Francisco de Brito Freire, no Livro 4º, nº 336.
Casamento 01: D. Catharina Cabral, realizado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição no dia 31/05/1608, de acordo com o Livro da Sé de Olinda, no qual o referido matrimônio está repetido no dia 03/01/1612. Cristã-nova. Filha de Cristovam Paes D’Altro (eng. Santo Antônio/Recife) e de D. Ama de Paiva Cabral.
Filho: 01- Cristóvão de Paes Mendonça (Irmão da Santa Casa da Misericórdia de Olinda, em 1667) c.c. D. Isabel de Mello Bandeira, em 1608, (c.g.); depois com Joanna Cavalcante (c.g.).
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1919-1920 Vols 41 / 42 (1). pág. 64.  Anais 1925 Vol 47 (8). pág 187
CALADO, Manoel (Frei). O Valoroso Lucideno. Vol. I e II.  5ª edição. Edt. CEPE. Recife, 2004
http://www.familiaaffonsodealbuquerque.50webs.com/index33.html
http://www.intg.org.br/teste/afortunado/olivro/pdf_dividido/quinta-parte/XIV.ALOGiSTICAEALOCALIZAcaOESTRATeGICA126.pdf
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço da Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Tempo dos Flamentos. 2ª edição (segunda tiragem) BNB. Governo de Pernambuco. Recife, 1979
Revista do Arquivo Público. Secretaria do Interior e Justiça. Ano VII a X – Nº IX a XII – 1952-1956. Recife – PE. Compilação: Joana Maciel, pesquisadora AHJPE/2005.

          Nas terras do engenho Apipucos foram travadas várias batalhas entre os luso-brasileiros e holandeses, sua Capela Nossa Senhora das Dores foi totalmente saqueada, teve imagens quebradas, paramentos, alfaias e móveis destruídos. A povoação da época também sofreu uma pilhagem completa, tendo os holandeses levado para todo o gado, escravos e mercadorias que encontraram. Em 1634 a tropa holandesa atacou e depois saqueou o engenho, obtendo grandes despojos, e aprisionou Gaspar de Mendonça e alguns dos seus familiares.
              Em 1637 o engenho estava arruinado e de fogo morto, mas em 1639 já se encontrava de fogo vivo.
                Em 15/08/1645 dia de Nossa Senhora da Assunção, no princípio da Insurreição Pernambucana, a tropa holandesa foi mandada saquear os moradores do eng. Apipucos e roubar o que não puderam carregar da primeira vez que estiveram no dito engenho. Desta vez tomaram de Gaspar de Mendonça todo o gado de cabras, carneiros e porcos e alguns bois e cavalos dos moradores e escravas, as levando para a casa de D. Ana Paes (eng. Casa Forte/Recife), aonde os invasores tinham alojamento.
             Segundo Lúcia Gaspar, bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco, com a guerra da Restauração, o eng. de Apipucos ficou muito tempo abandonado e de fogo morto. No ano de 1655 o engenho estava novamente de fogo vivo, mas só em 1666, sob o comando do primogênito de Gaspar Mendonça, Cristóvão Paes Mendonça, o engenho Apipucos voltou a se reerguer, porém sem o mesmo vigor de outrora, uma vez que o preço do açúcar estava em declínio no mercado internacional.

Cristóvão de Paes Mendonça – Filho de Gaspar de Mendonça e de D. Catharina Cabral. Irmão da Santa Casa da Misericórdia de Olinda, em 1667. Capitão de Infantaria do 3º do Mestre de Campo Francisco de Figueiroa, por patente de 14/11/1664, no qual foi reformado. Serviu com valor na guerra contra os holandeses, sendo ferido em Itamaracá. Vereador da Câmara de Olinda (1669 e 1674). Irmão da Santa Casa da Misericórdia (06.04.1667). Com inventário aberto em 01.10.1687-Olinda, sendo Juiz de Órfãos João Carneiro da Cunha e o escrivão Fernando Velho de Araujo.
NOTA: De acordo com o inventário que fez o Juiz de Órfãos João Carneiro da Cunha, com o Escrivão Fernando Velho de Araújo, por morte do Cristovão Paes de Mendonça, no dia 01/10/1687, do seu segundo matrimônio só estava vivos dois filhos: Cristóvão e Catharina. NOTA: O dito inventário se encontra no Cartório de Órfãos de Olinda.
Senhor do engenho Apipucos/Recife
Casamento 01: Isabel de Mello Bandeira, em 1608. Filha de D. Brites Bandeira de Mello e de Antônio Tavares Valcasar. Com assento de casamento no Livro Velho da Sé de Olinda, no dia 31.05.1608 e de outro assento fieto no dia 03.01.1612.
Filhos: 01- Gaspar Paes de Mendonça (de Mendonça Bandeira de Mello) – Capitão das freguesias de Nossa Senhora da Luz e de Santo Antão, por patente do Gov. D. Pedro de Almeida, em 15.10.1677. capitão na guerra contra os holandeses. C.c. D. Clara de Azevedo, filha de João Dourado de Azevedo (Capitão e Cabo da Fortaleza de São João Baptista do Brum). Neta paterna do Dr. Gaspar Fernando Dourado e de D. Clara Azevedo. (c.g.).
Casamento 02: Joanna Cavalcante, em torno de 1647, filha de Cristóvão de Holanda de Albuquerque e D. Catarina da Costa.
Filhos: 02- Cristóvão Paes de Mendonça, nascido em torno de 1667; 03- José, batizado na Capela do eng. Apipucos, em  06/07/1666, pelo seu tio materno Fr. João   Cavalcante, Religioso da Ordem de Nossa Senhora do Monte do Carmo da Observância, falecido antes de seu pai; 04- Catharina Cabral, nascida em 1670, c.c. Luiz de Mendonça Cabral, seu primo, (sucessor do eng. Apipucos); 05- José que foi batizado no dia 06.07.1666, mas faleceu jovem.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (8). Pág. 187, 309
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço da Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012.

              Em meados do século XVII já existia uma povoação homônima ao lado do engenho, contando com mais de trinta casas.
             A partir do século XIX, começaram a surgir sítios e chácaras, onde os moradores do centro da cidade passavam os meses de verão, pois as águas do rio Capibaribe naquela região eram recomendadas para banhos medicinais, e segundo Gilberto Freyre a vida de Apipucos resumia em: “banhos de rio pela manhã à tarde, jogo de cartas, a noite pastoris e danças para a gente sinhá, nos grandes dias dos "passatempos de festas" de recifenses e de famílias vindas de casas-grandes do interior, em Apipucos: no seu hotel e nas suas casas de veraneio”. A procura pelo povoado por causa do clima ameno e dos banhos no Capibaribe levou construção do Hotel de Apipucos em um casarão - a Vila Anunciada, que tinha pertencido a Delmiro Gouveia (responsável pela implantação da primeira hidrelétrica da América), onde hoje funciona a Unidade Central da Diretoria de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco.
              Em 1680 seu proprietário era o Capitão de Infantaria Luiz de Mendonça Cabral, sucessor de seu sogro Cristóvão de Mendonça. Em 13/02/1687, Luiz Cabral vinculou 200$000 da renda da fábrica do engenho, aplicando os seus respectivos juros em benefício da capela de Santana do Colégio dos Jesuítas de Olinda.

Luiz de Mendonça Cabral – Capitão de Infantaria de Pernambuco. Provedor da Santa Casa da Misericórdia. Em 13.02.1687, vinculou 200$000 da renda da fábrica do engenho, aplicando os seus respectivos juros em benefício da capela de Santana do Colégio dos Jesuítas de Olinda. Durante a Guerra dos Mascates fugiu para a Paraíba, abandonando sua família, pois era partidário dos Mascates e por ordem do Bispo D. Manoel Álvares da Costa teve seu lugar de honra retirado, sendo considerado esse ato como uma das maiores afronta já praticada pelo Bispo em sua administração da Diocese da Capitania.
Senhor do engenho Apipucos/Recife que recebeu do seu sogro Cristóvão de Paes Mendonça 
Casamento 01: Catharina Cabral, sua prima, nascida em 1670. Filha de Cristóvão Paes de Mendonça e de sua segunda esposa D. Joanna Cavalcante. Neta paterna de Gaspar de Mendonça (senhor do eng. Apipucos) e de D. Clara Cabral.
Filhos: (NI)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (1). Pág. 310

                   O próximo proprietário encontrado foi o Capitão-mor João do Rego Barros.

João do Rego Barros – Natural de Olinda. Filho do Capitão-mor Francisco do Rego Barros (Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Santiago) e de D. Arcângela Josefa da Silveira. Neto materno de Domingos da Silveira. Homem de prestigio e de grande influencia na Capitania.
Juiz Ordinário (1691). Fidalgo da Casa Real. Comendador da Ordem de Cristo. Serviu por 30 anos em guerras em Pernambuco, com Alferes e Capitão-mor. Capitão-mor e Governador a Paraíba de 1663 a 1670. No Reino foi proprietário do ofício de Provedor da Fazenda Real (20.12.1675). Durante da Guerra dos Mascates acabou preso em 05/1712. Morreu na prisão em 28/12/1712/Fortaleza do Brum/Recife.
Senhor do engenho Apipucos/Recife
Casamento 01: D. Catharina Theodora Valcacer, filha do Capitão Francisco Camello Valcacer
Filhos encontrados: 01- Francisco do Rego Barros (II), nascido no Recife. Fidalgo da Casa Real. Comendador da Ordem de Cristo. Sucessor de seu pai no ofício de Provedor da Fazenda Real.
Casamento 02: D. Mônica Josefa de Barros, filha de Arnau de Holanda Barreto (Fidalgo da Casa Real) e de D. Luzia Pessoa.
Filhos encontrados: 01- João do Rego Barros – Nascido em Recife e falecido em 1738. Fidalgo da Casa Real. Cavaleiro da Ordem de Cristo. Terceiro Provedor da Fazenda Real, de 03.1704 a 11.1738.
Casamento 03: D. Luzia Pessoa de Mello, sua prima, filha do Capitão-mor André de Barros Rego (Professo na Ordem de Cristo) e de D. Adriana de Almeida Wanderley.
Filhos encontrados: 01- Francisco do Rego Barros (III) – Nascido na Paraíba. Fidalgo da Casa Real. Quarto Provedor da Fazenda Real da família (11.1738 a 07.1750); 02- Pedro Velho Barreto – Nasceu em 29.06.1708-Recife. Depois de ter ocupado vários postos foi  nomeado Capitão-mor de Olinda. C.c. D. Lusia Margarida de Mello, sua prima.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1925 Vol 47 (1). Pág. 481. Anais 1926 Vol 48 (10). Pág. 08. Anais 1903 Vol 25 (2) 57, 58.

                 Em 1783 João do Rego Barros vende algumas terras do engenho Apipucos aos irmãos Antônio e Tomás Lins Caldas, apelidados, respectivamente de Capitão Coló e Seu Toné, que fundam o engenho Dois Irmãos. O restante das terras foi herdado pelo seu filho Pedro Velho Barreto.

Pedro Velho Barreto – Nasceu em 29.06.1708-Recife. Filho de João do Rego Barros (Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Provedor da Fazenda Real, Juiz da Alfândega, senhor do eng. Apipucos) e de D. Luzia Pessoa de Mello. Neto materno de André de Barros Rego (Fidalgo da Casa Real, Cavaleiro da Ordem de Cristo). Bisneto materno de Arnau de Holanda Barreto e de D. Adriana de Almeida Wanderley.
Coronel. Depois de ter ocupado vários postos foi  nomeado Capitão-mor de Olinda.
Casamento 01: D. Lusia Margarida de Mello, sua prima.
Filhos encontrados: (NI)
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1903 – pág. 97. Anais 1925 Vol 47 (5) – pág 225.

              Nessa época o engenho já estava decaindo da sua atividade industrial, ao passo que a povoação ia consideravelmente tomando grande incremento, e avultando em população e novas construções de prédios, foi abandonada a cultura da cana, e assim desaparecendo a fabricação do açúcar, deu-se a extinção do engenho.
         No século XIX o transporte do Recife para Apipucos era feito por diligências puxadas por 05 cavalos, com capacidade para 20 passageiros na parte interna e outros na parte de cima. Depois as estradas foram melhoradas e foi instalada a primeira companhia de transportes públicos, explorada pelo inglês Thomas Sayle (1841), e depois por Cláudio Dubeux, morador do já então bairro de Apipucos.
            A região de Apipucos foi palco, durante a Insurreição Praieira, de um dos maiores combates entre as forças legalistas e revolucionárias (1849), sendo marcada por um movimento de caráter liberal e separatista que eclodiu, durante o 2º Reinado, na província de Pernambuco,   entre 1848 e 1850.
           Segundo o escritor Gilberto Freyre a vida naquela região se resumia a banhos de rio pela manhã, jogo de cartas à tarde e, à noite, pastoris e danças. Essa era a rotina do povoado que, por causa do clima ameno e dos banhos de rio, ajudou a alavancar a região.
           No século XX, o bairro é escolhido como local de residência pelos ingleses, que introduziram o hábito de construir casarões com jardins e utilizar a água como recurso paisagístico; foi instalada a Fábrica de Tecidos Othon Bezerra de Mello, conhecida como a Fábrica da Macaxeira; houve a ocupação dos morros e do loteamento Othon Bezerra de Melo nas margens do açude.
            Além de Delmiro Gouveia, Apipucos teve outros moradores ilustres como o pintor Murillo La Greca, o jornalista Assis Chateaubriand, o historiador Alfredo de Carvalho, a família de Burle Marx, parentes de Demócrito de Souza Filho e o sociólogo Gilberto Freyre, cuja residência conhecida como o Solar de Santo Antônio, hoje abriga a Fundação Gilberto Freyre.
NOTA: O bairro de Apipucos, situado no norte do Recife e distante cerca de nove quilômetros do centro da cidade, possui 1,2 quilômetros quadrados de área, uma população de mais de 3.000 habitantes e é protegido pela lei municipal 13.975/1979.
           No bairro de Apipucos, instalou-se, no dia 16/01/1911, a comunidade dos Irmãos Maristas do Norte do Brasil. Os irmãos compram uma casa, com 08 hectares de terras, e começam a reformá-la, mas com a primeira grande Guerra Mundial, interrompem a reforma (1914/1918). Em 1920, retomaram a construção do lado sul e depois constroem a capela (1926). Em 2006, as edificações do terreno passam a ser o novo campus da Faculdade Marista. Com isso, da época primitiva, restou apenas o térreo, que se encontra à esquerda de quem sobe a atual escadaria central e algumas paredes do 1º andar, do mesmo lado. O local abriga também a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, inaugurada no dia 11/02/1947, que é uma reprodução da Gruta de Lourdes, na França.

Capela do engenho – A capela do engenho, existente desde 1645, sob a invocação de Nossa Senhora da Madre de Deus e depois de Nossa Senhora das Dores.
Apipucos foi uma das primeiras povoações a ter uma capela com um sacerdote de residência. Até o século XX, havia atrás da capela a antiga casa onde morava o seu capelão. Durante a invasão holandesa foi completamente saqueada, tendo as suas imagens, paramentos, alfaias e móveis destruídos pelos holandeses. Da primitiva construção da capela resta pouca coisa. Algumas paredes antigas foram conservadas, mas quase tudo foi substituído ou modernizado. Devido aos cupins foi preciso retirar o altar-mor que possuía um nicho de talha dourada com a imagem da padroeira, em seu lugar foi construído um de alvenaria. Ao longo dos anos a capela foi várias vezes reformada e ampliada, sendo muitas vezes custeada pelos moradores da localidade, como foi o caso da reforma de 1887. 
Em 1889 foram feitos novos reparos e conservação e, em 1906, houve uma grande obra conduzida pelo Dr. Alfredo Lisboa. Entre 1870 e 1908 a capela não possuía um capelão próprio, mas havia missa aos domingos. Em 1917, com a chegada dos padres Jesuítas, a capela floresceu sob a direção do padre Thomas Digman, que foi seu capelão durante 29 anos. Com a sua morte, em 1946, a capela ficou sob os cuidados dos padres Jesuítas do bairro da Várzea. Com a chegada dos padres Lazaristas holandeses, em 1950, a capela passou a ser uma das mais ativas no cumprimento da sua missão religiosa. Hoje a capela está sob os cuidados dos padres Salesianos.
Casa grande – Da casa do eng. Apipucos resta somente metade hoje convertida em garagem da casa nº 1031, que fica localizada onde era o Engenho. No jardim, existe uma fonte ferruginosa. Desde 1916, por longos anos, foi residência do Sr. Max A. Dietiker (nada foi encontrado).

Fontes:
ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 2001. Pág.71-72.
BORGES DA Fonseca, J. V. . Nobiliarchia Pernambucana Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1876 – 1997. Anais: 1878-1879 (Vol. 05), 1903 (Vol. 25), 925 (Vol. 47), 1919-1920 (Vols. 41/42), 1926 (Vol. 48). 
Dantas, Thiago Ribeiro. A Participação da Igreja Católica na Vida Política da Capitania de Pernambuco na Guerra dos Mascates (1710-1711)
Diegues Junior, M. O Banguê em Pernambuco no Século XIX. Disponível em: http://www.arquivojudaicope.org.br/2012/pt/compilacoes/rap.html Data de acesso: 24/10/2013.
Documentos manuscritos avulsos da Capitania de Pernambuco: Fontes repatriadas: anotações de história colonial, referenciais para pesquisa, índices do Catálogo da Capitania de Pernambuco. Editora Universitária UFPE, 2006 – Pág 185
Dussen, 1640, pg. 153
Filgueira, Marcos Antônio. Cristãos-novos na gênese de algumas famílias do Nordeste
Fontes para História do Brasil Holandês. A Economia Açucareira. Diversos autores. Página 237. Cia. Editora de Pernambuco MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória. Recife, 1981
FREYRE, Gilberto. In Enciclopédia Barsa. v 2. Rio de Janeiro, 1980.p. 71-72
Guerra. Luís de Bivar. Investigação encomendada pela Madame Ethel Krenz Senior, nos documentos portugueses - Declaração emitida por pelo genealogista J. L Bivar Pimentel Guerra.
MELLO, Evaldo Cabral de. A Fronda dos Mazombos: Nobres Contra Mascates, Pernambuco, 1666-1715. Pág. 334. Editora 34, 2003. 
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço da Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012.
MELLO, Evaldo Cabral de. Rubro veio: o imaginário da restauração pernambucana.
MELLO, José Antônio Gonsalves de. A economia açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. CEPE – Companhia Editora de Pernambuco, Recife – 2004. 2ª edição.
Pereira da Costa, 1951, Volume 2, ano 1593, pg. 51
PEREIRA DA COSTA, Francisco Augusto. Origem Histórica da Indústria Açucareira em Pernambuco. Brasil Açucareiro. Anais da Conferência Açucareira, Recife - 1905.
PEREIRA, Levy. "Ĩbipúpura". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas /%C4%A8bip%C3%BApura. Data de acesso: 9 de abril de 2014.
PEREIRA, Levy. "Ĩbipúpura". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb. br/biblioatlas/%C4%A8bip%C3%BApura. Data de acesso: 24/10/2013.
http://observatoriogeograficoamericalatina.org.mx/egal10/Teoriaymetodo/Conceptuales/24.pdf
pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_da_Restauração
pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_Praieira
Relação dos Engenhos, 1655, pg. 237  
SALVADOR, José Gonçalves - Cristãos-novos. 
SILVA, Leonardo Dantas. O engenho & Casa Grande. Disponível em: http://www.luizberto.com/esquina-leonardo-dantas-silva/o-engenho-casa-grande
VAINSENCHER, Semira Adler. Dois Irmãos (bairro, Recife). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/  Acesso em: 24/10/2013

13/12/2014

Engenho do Meio - Recife

           Nomes históricos:  São Carlos (S. Carlis); do Meio; de Carlos Francisco.
Engenho situado na margem direita do Rio Capibaribe, freguesia da Várzea, jurisdição de Olinda e capitania de Pernambuco. Com moenda movida a bois, com Igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Ajuda, pagando 02% de pensão ao Donatário.
Citado no mapa PE (Orazi, 1698) Provincia di Pernambvco, plotado, 'S. Carlis', na várzea entre o 'Capiibari' (Rio Capibaribe) e o 'Tajiibipio' - 'Teubipí' (Rio Tejipió).
O primeiro proprietário encontrado foi Álvaro Velho Barreto que chegou a Pernambuco como sócio de parentes ricos de Vianna/PT, como ele mesmo declarou a dois jesuítas que foram vê-lo em busca de donativos para o Colégio de Olinda. Em Pernambuco c.c. a cristã-nova Luisa Nunes e adquiriu o engenho do Meio, que ao falecer deixou à família.

Álvaro Velho Barreto
Nascido em torno de 1546/ Viana Foz de Lima, arcebispado de Braga  /PT. Cristão-velho. Filho de Tristão Velho e de Isabel Pais. Neto de Vasco Velho que era abade de muitas igrejas pelo Rio Lima/PT acima, que teve um filho com Inês Nunes Barreto; e de João Vaz da Cunha, abade de Anha e Daque, que teve sua mãe em uma mulher chamada Fulana Pais.
Álvaro Velho Barreto chegou a Pernambuco como sócio de parentes ricos de Vianna/PT, como ele mesmo declarou a dois jesuítas que foram vê-lo em busca de donativos para o Colégio de Olinda. Em Pernambuco adquiriu dois engenhos de açúcar na Várzea do Capibaribe. Participou da conquista da Paraíba como um dos comandantes da esquadra formada por 03 naus mercantes e 02 bons caravelões ou zabras, que foram a pique na baía da Traição, juntamente com Pero de Albuquerque, Lopo Soares, Thomé Rocha, Pero Lopes. Capitão-mor da gente de cavalo de Pernambuco.
Fidalgo de geração e da governança da Capitania de Pernambuco, confirmado por vários testemunhos durante o processo que o Visitador lhe moveu por blasfêmia durante a primeira visitação do Santo Ofício (Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, Processo nº 8475). Álvaro foi preso em 19.11.1593 e teve como sentença: auto-da-fé privado de 30/06/1595. Abjuração de leve, penitências espirituais, pagamento de dez cruzados para despesas dos Santos Oficio, pagamento de custas.
Segundo João Peretti na Várzea do Capibaribe ficava localizado os alegres engenhos de Bento Dias Santiago, de Ambrósio Brandão e de Álvaro Velho Barreto, todos contribuindo para existência de uma sociedade muito animada nas vizinhanças de Camaragibe.
Casamento 01: Luisa Nunes, cristã-nova. Filha de Domingos Mendes Pereira e de Marcella de Araujo.
Filhos encontrados: (NI)
Senhor dos engenhos: do Meio/Recife- Nossa Senhora do Rosário-Várzea; (NI) /Recife-Várzea (1578).
Fontes:
http://pt.wikisource.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_Brasil_%28Frei_Vicente_do_Salvador%29/IV/XIII
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1885-1886, Vol 13 (1), Pág. 160. Anais 1926, Vol 48 (2), Pág. 142, 148.
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=2308595
http://geneall.net/pt/nome/235587/joao-vaz-da-cunha-abade-de-anha-e-darque/
http://geneall.net/pt/nome/240613/vasco-velho-barreto/
http://sephardic-brazil.blogspot.com.br/2006/01/lista-dos-engenhos-nas-denunciaes.html
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. Pág. 61
MELLO, Evaldo Cabral dee. O nome e o sangue. Companhia de bolso. São Paulo, 2009. Pág. 64
PERETTI, João. Camaragibe Terra das Sinagogas, pp. 17-25, in Novos Ensaios, Recife: Imprensa Oficial, 1956.
Revista trimensal do Instituto Histórico, Geográphico e e Etnográphico do Brazil. Volume 36. Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico do Brazil (Rio de Janeiro). Pág. 66

Em 1609 o engenho do Meio pertencia a viúva D. Luisa Nunes e filhos. Em 1623 o engenho produziu 4.634 arrobas de açúcar.

Luísa Nunes
Cristã-nova. Após o falecimento de seu marido D. Luísa assumiu o engenho do Meio, juntamente com seus filhos. Em 1625. D. Luisa e demais herdeiros impossibilitados de pagar seus credores e vendeu a propriedade a Carlos Francisco Drago.
Casamento 01: Álvaro Velho Barreto (ver dados acima).
Filha de Domingos Mendes Pereira e de Marcella de Araujo.
Senhora dos engenhos: do Meio/Recife- Nossa Senhora do Rosário-Várzea
Fontes:
http://digitarq.dgarq.gov.pt/details?id=2308595
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1926 Vol 48 (2). Pág. 142, 148
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana. Edt. Penguin & Companhia das Letras. Pág. 61
MELLO, Evaldo Cabral dee. O nome e o sangue. Companhia de bolso. São Paulo, 2009. Pág. 64

Em 1625, D. Luiza e filhos declararam que estavam impossibilitados de pagarem aos seus credores e venderam o engenho a Carlos Francisco Drago, que faleceu antes da invasão holandesa ficando o engenho nas mãos de seus herdeiros.

Carlos Francisco Drago
Falecido em 1630. (nada mais foi encontrado_
Senhor do engenho Moreno/Moreno; do Meio/Recife- Nossa Senhora do Rosário-Várzea
Fontes:
PEREIRA, Levy. "S. Carlis (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Carlis_(engenho_de_bois). Data de acesso: 2 de dezembro de 2014

Em 1637 o engenho é confiscado pela Companhia das Índias Ocidentais e vendido a Jacob Stachouwer, alto funcionário do governo holandês no Recife, pelo montante de 62.000 florins em 06 prestações anuais a partir de 27.05.1637.

Jacob Stachouwer (Estacour )
Judeu. Nasceu em 1596. Capitão da Cavalaria holandesa. Segundo José Antônio Gonsalves de Mello, Jacob Stachhouwer chegou ao Recife em 08/05/1634, atuando como Conselheiro Político e acompanhando as operações militares de conquistas. Foi um dos principais homens durante a invasão holandesa. Governador da Capitania, juntamente com: Servaes Carpentier, Willen Schott, Bartazar Wyntgens e Ippo Eysens (1634). Participou da tomada do Arraial do Bom Jesus/Recife e, através de seu amigo Fernandes Vieira, conseguiu saber as pessoas ricas que estavam presas e da soma que cada um poderia pagar, extorquindo valores (dinheiro e joias) dos lusos brasileiros em troca de liberdade.
Stachouwer era um homem de baixa moral, vendo que o status de senhor de engenho lhe traria mais prestígio e dinheiro, pois "o açúcar prometia fortunas”, logo após a rendição do Arraial do Bom Jesus (1635), começou a comprar alguns engenhos confiscados através de empréstimo junto a Companhia das Índias e se apossar de outros. Mas, como não tinha experiência contratou seu amigo João Fernandes Vieira como feitor-mor de seus três primeiros engenhos: Santana/Jaboatão dos Guararapes, Meio/Recife (adquirido em 27.05.1637, por 62.000 florins a WIC, em 06 prestações anuais) e do Ilhetas/Sirinhaém (adquirido em 06.05.1638, por 27.000 florins).
NotaJacob Stachower morava no Recife em duas casas por ele edificadas, localizadas na Rua do Bom Jesus, nº 62-64, antes Rua da Cruz. Essas casas passaram a pertencer a João Fernandes Vieira durante a Insurreição Pernambucana, assim como quase todos os seus bens “porque de muito lhe era credor”. Ainda hoje existem esses dois sobrados, que constituíam um só prédio, onde existe uma laje de pedra mulatinha (grés parto de Pernambuco), com 01m de altura sobre ½m de largura, onde se vê insculpida em alto relevo uma figura vestida de túnica, empunhando um bastão na mão direita, que dizem os historiadores que era do próprio Jacob, abaixo dela uma inscrição em holandês, já bastante apagada pelo tempo: ‘Jacob bem id genaemt’.
Senhor dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho.
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
cvc.instituto-camoes.pt/.../2422-joao-fernandes-vieira-mestre-de-campo
OLIVEIRA, Márcio Amêndola de. O trato dos escravos na América Colonial: da ‘mercadoria’ à condição ‘humana’ Universidade de São Paulo – FFLCH – Curso De História. Disciplina: Brasil Colonial I – 1º Semestre Noturno (2007)
Os Holandeses em Pernambuco - Uma história de 24 anos. O Senhor de Engenho. Publicado no Diário de Pernambuco. Edição de Segunda-Feira, 22 de Setembro de 2003.
PEREIRA, Levy. "N S. de Guadalupe (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/N_S._ de_Guadalupe_(engenho_de_bois). Data de acesso: 11/11/2013
PEREIRA, Levy. "S. Anna (engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Anna _(engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 11/11/2013
www.delanocarvalho.com/Pages/dholandes.aspx‎

O engenho do Meio moía em 1637 e 1639, com três partidos de lavradores e o partido da fazenda (50), além de alguns partidos livres, fazendo 6.750 arrobas de açúcar. Seus lavradores eram: Allaert Holl (10 tarefas), Antônio Pereira (40 tarefas) e Hugo Graswinckel (35 tarefas), que depois aparece como coproprietário de engenho Cunhaú/RN (1640).
Em 1637 após a partida de Stachower para a Holanda o engenho ficou sob os cuidados de seu amigo, feitor e bastante Procurador João Fernandes Vieira c.c. D. Maria César, juntamente com os engenhos: Santana e Ilhetas, que também foram adquiridos a WIC.

João Fernandes Vieira
Nasceu em 29/06/1596-Funchal/Ilha da Madeira/PT, filho de Francisco de Ornelas Muniz e de Antônia Mendes. Seu pai era bisneto de Tristão Vaz, o primeiro donatário de Machico. Sua mãe era bisneta de Pedro Vieira, morgado da Ribeira de Machico; entre os seus bisavós se conta António Fernandes, sesmeiro nas Covas do Faial, no norte da ilha da Madeira.
Em 1606, imigrou para a Capitania de Pernambuco, pois como não era o filho primogênito, herdeiro de todo o legado dos pais, não tinha como se sustentar. Fernandes Vieira se viu obrigado a emigrar para o “Além Mar”, para adquirir fortuna, como muitos jovens portugueses. Assim que chegou a Pernambuco trocou o seu nome de Francisco de Ornelas Moniz Júnior, para João Fernandes Vieira, um disfarce muito usado pela corrente emigratória para o Brasil, que queriam esconder sua origem nobre, porque trabalhariam em serviços braçais, uma desonra para a época.
Em Pernambuco trabalhou primeiramente como ajudante de mascate, em troca de comida e morada. Auxiliar do Mercador Afonso Rodrigues Serrão, que ao falecer o deixou como único herdeiro do seu negócio e de algumas casas em Olinda. Durante a ocupação holandesa (1630), se alistou como voluntário de guerra. Em 1634, participou da resistência luso-brasileira no Forte de São Jorge.
Era Fernandes Vieira um homem de aspecto melancólico, testa batida, feições pontudas, olhos grandes, mas amortecidos, e de poucas falas, exceto quando se ocupava de si, pois desconhecia a virtude da modéstia. Ativo, ambicioso e inteligente, durante o cerco ao Arraial do Bom Jesus/Recife estabeleceu ligações estreitas com os holandeses, o que lhe proporcionou ascensão econômica e social. Trabalhou como Feitor-mor do judeu e Conselheiro Político da Companhia das Índias Ocidentais, Jacob Satchhouwer, nos engenhos: Ilhetas ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes. Nota: Em seu testamento Fernandes Vieira declarou sobre sua aproximação com Satchhouwer: “Declaro que no tempo dos holandeses por remir minha vexação e viver mais seguro entre eles, tive apertada amizade com Jacob Estacour (Satchhouwer), homem principal da nação flamenga, com diferença nos costumes, e com ele fiz negócios de conformidade e por conta de ambos (...)
Com a partida de Satchhouwer e de seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira, que era procurador bastante dos dois sócios, passou a lucrar com a administração de todos os bens deixados e dos fundos do seu amigo e benfeitor Stachouwer. Logo se apoderou dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho, assumindo os débitos contraídos pelos dois sócios na compra das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que nunca foi pago). Se tornando depois um dos homens mais ricos da Capitania, proprietário de 16 engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Cargos e funções: Escabino de Olinda (1639); Escabino de Recife (07/1641 a 06/1642, sendo conduzido ao cargo de 1642/43). Contratador de dízimos de açúcar da Capitania de Pernambuco e de Itamaracá.  Representante dos luso-brasileiros da Várzea do Capibaribe na Assembleia convocada pelo Conde Maurício de Nassau para assuntos do governo (1640). Mestre de Campo do Terço de Infantaria de Pernambuco. Participou da defesa do Arraial do Bom Jesus/Recife (1635), com apenas 22 anos.
Embora fosse um dos homens mais importantes da Capitania, para ser incorporado à nobreza rural de Pernambuco, em razão de sua suposta cor parda, de seu “defeito mecânico” (trabalhos manuais) e de sua “falta de qualidade de origem”, teve que contrair matrimônio para poder ascender na sociedade luso-brasileira.
NOTA: João Fernandes Vieira levantou em Olinda a Igreja de Nossa Senhora do Desterro, hoje conhecida por Santa Thereza, onde antigamente funcionava o Colégio das Órfãs, antes dos Órfãos.
Casamento 01(1643): D. Maria César, filha do madeirense Francisco Berenguer de Andrade (um dos principais líderes da Insurreição pernambucana e senhor do eng. Giquiá/Recife), pessoa de boa estirpe perante o clã dos Albuquerque, e de Joana de Albuquerque.
Filhos encontrados: (s.g.)
Filhos fora do casamento: 01- Manuel Fernandes Vieira, sacerdote do hábito de São Pedro com ações de algumas Mercês de seu Pai. Vigario de Itamaracá e senhor do engenho Inhaman. Perfilhado nos livros de Sua Magestade. Comendador de Santa Eugénia Alla, que vagou por falecimento de seu Pai João Francisco;
02- D. María Joanna filha natural de João Fernandes Vieira e de D. Cosma Soares. C.c. Jerouymo Cesar de Mello Fidalgo da Casa Real, Cavalheiro da Ordem de Cristo e Capitão-mor de Maranguape ; filho de Agostinho Cesar de Andrada (Gov. do Rio Grande do Norte) e de D. Laura de Mello;
03- D. Joaurza Fernandes Cesar. C.c. Gaspar Achi'oli de Vasconcellos, Fidalgo Cavalleiro da Casa Real, filho de João Baptista Achioli e de sua mulher D. Maria de Mello. Alcaide-mor da cidade da Paraíba do Norte, e senhor do eng. Santo Andre;
04- Maria de Arruda, falecida ainda criança.
Fernandes Vieira era um dos maiores devedores da Companhia das Índias Ocidentais, com uma dívida estimada em 219.854 florins, que nunca foi paga, pois alegou no seu Testamento que os chefes holandeses "são devedores de mais de 100 mil cruzados (...) de peitas e dádivas a todos os governadores (...) grandiosos banquetes que ordinariamente lhes dava pelos trazer contentes".
Após a partida do Conde Maurício de Nassau (1644) Vieira viu a intensificação da insatisfação do povo pernambucano, influenciado pelo seu sogro e percebendo as vantagens econômica e social a serem alcançada com a expulsão dos holandeses e da Companhia das Índias Ocidentais passou para o lado dos Insurrectos pernambucanos.
Reúne-se com várias lideranças rurais nas matas do engenho Santana, onde traçam os planos para expulsar os holandeses do Brasil. Como contragolpe, lança a campanha de Restauração de Pernambuco, servindo-se da mesma táctica manhosa dos inimigos e passa a circular nos dois lados: holandeses e luso-brasileiros. Nessa mesma época os holandeses o chamam para ser Agente de Negócios da Companhia e membro do seu Conselho Supremo, ficando Vieira, conhecedor de todas as tramas e recursos.
João Fernandes Vieira escreve a D. João IV pedindo-lhe licença para resgatar as Capitanias invadidas da mão dos usurpadores, ao que o Monarca se opõe. Descobrindo os holandeses os seus intentos, atraíram-no ao Recife, mas Vieira iludiu-os e pôs-se em campo, levantando a bandeira da Insurreição Pernambucana – de fazenda em fazenda, de engenho em engenho incentivando a revolução e declarando traidores os que não seguissem a sua causa. O Conselho holandês põe a cabeça de Vieira em prêmio e em resposta Fernandes Vieira põe preço a cabeça dos membros do Conselho e se torna um dos líderes da chamada Insurreição Pernambucana e um dos heróis da Restauração de Pernambuco.
NOTA: Segundo José Antônio Gonçalves de Melo: A insurreição de 1645 foi preparada por senhores de engenho, na sua maior parte, devedores a flamengos ou judeus da cidade. Foi nitidamente um levante de elementos rurais, no qual tomaram parte, negros escravos, lavradores, pequenos proprietários de roças, contratadores de corte de pau-brasil, e outros.
Após a tomada do eng. Casa Forte, Vieira voltou com seus homens ao seu engenho São João/Recife-Várzea do Capibaribe, e de lá iniciou um sistema de estâncias militares, espécie de fortificações onde pudessem estar seguros e guardar pólvora e munições de guerra. Vieira participa da guerra contra os holandeses e, vence junto com sua tropa, a Batalha das Tabocas em Vitória de Santo Antão/PE, em 03/08/1645, e a Batalha de Casa Forte/Recife, junto aos heróis: André Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão, em 17/08/1645.
Com a Batalha dos Guararapes, sob o comando do General Barreto de Meneses, em 19/04/1648 e 19/02/1649, os holandeses são finalmente vencidos e expulsos de Pernambuco e, como recompensa pelos serviços prestados na guerra João Fernandes Vieira é recompensado pelo Rei D. João IV com os cargos: de Governador da Paraíba (1655/57), Capitão General do Reino de Angola (1658/61) e Superintendente das Fortificações de Pernambuco e das Capitanias vizinhas, até o Ceará, (1661/81).
Depois do tratado de paz entre Portugal e a Holanda (1661), Fernandes Vieira figurava em 2º lugar na lista de devedores dos brasileiros à Companhia das Índias Ocidentais, com o débito de 321.756 florins, cuja dívida nunca foi paga.
Já idoso Fernandes Vieira encomenda ao Frei Rafael de Jesus um livro sobre a sua vida, exaltando seus feitos, a exemplo do que Gaspar Barléu havia escrito sobre o conde Maurício de Nassau, surgindo assim o Castrioto lusitano, no qual o autor o compara ao príncipe guerreiro albanês Jorge Scanderberg Castrioto, que lutou intensamente contra os turcos e a Sérvia pela recuperação da Albânia, que havia sido anexada à Turquia. Vieira falece, com 85 anos de idade, em 10/01/1681-Olinda, mas só em 1886 seus restos mortais foram descobertos na capela-mor da igreja do Convento de Olinda. Em 1942, seus ossos foram trasladados para a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, sendo depositados na parede da capela-mor, com uma inscrição comemorativa.
Senhor dos engenhos: Abiaí/Itamaracá; do Meio/Recife-Várzea; Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas, Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém; Jacaré/Goiana; Molinote, ou Santa Luzia, depois Sacambu/Cabo de Santo Agostinho; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão dos Guararapes - Muribeca; Santo Antônio/Goiana; São João (antes Nossa Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho. Na Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
Em 1664 o valor das contribuições dos escravos alforriados (pelas suas várias modalidades) da finta paga pelos mestres, banqueiros e purgadores de açúcar, era muito alta, fazenda dessas profissões uma categoria economicamente importante, os quais às vezes se equiparavam, quando não sobrelevavam, em valor de contribuição a muitos lavradores de canaviais. Segundo documentação encontrada no Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa – Pernambuco, papéis avulsos. Cx 5 o Gov. Fernandes pagava anualmente nas suas fazendas: Jaguaribem, Maranguape, Salinas e Forno de Cal) o equivalente a 50$ (cinquenta mil réis).
Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. Vol. LVI. Recife, 1981.
Em 1664 o valor das contribuições dos escravos alforriados (pelas suas várias modalidades) da finta paga pelos mestres, banqueiros e purgadores de açúcar, era muito alta, fazenda dessas profissões uma categoria economicamente importante, os quais às vezes se equiparavam, quando não sobrelevavam, em valor de contribuição a muitos lavradores de canaviais. Segundo documentação encontrada no Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa – Pernambuco, papéis avulsos. Cx 5 o Gov. Fernandes pagava anualmente nas suas fazendas: Jaguaribem, Maranguape, Salinas e Forno de Cal) o equivalente a 50$ (cinquenta mil réis).
Fontes:
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victoriano. Nobiliarquia Pernambucana. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro Anais 1885-1886 Vol. 13; 1902 Vol. 24; 1925 Vol. 47; 1926 Vol. 48
CALADO, Frei Manoel. O Valeroso Lucideno e triunpho da liberdade, Edições Cultura, São Paulo, 1943, tomo I, p. 318 e tomo II, p. 12, 14
Diário de Pernambuco. Os Holandeses em Pernambuco – Uma História de 24 anos. João Fernandes Vieira. Publicado em 22.09.2003.
Fontes para História do Brasil Holandês – 1636, Willem Schott. A Economia Açucareira. Inventário feito pelo Conselheiro Schott Cia. CEPE, MEC/SPHAN/Fundação Pró-Memória Local: Recife, 1981
Francisco Adolpho de Varnhagen, E. e H. Laemmert, 1857. Historia geral do Brazil, Volume 2.
GASPAR, Lúcia. João Fernandes Vieira. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br
MELLO, José Antônio Gonsalves de. Restauradores de Pernambuco: biografias de figuras do século XVII que defenderam e consolidaram a unidade brasileira: João Fernandes Vieira. Recife: Imprensa Universitária, 1967. 2
Revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico de Pernambuco. Vol. LVI. Recife, 1981.
Revista do Instituto Archeológico e Geográphico de Pernambco. Volume 1, Edições 1-12
SANTIAGO, Diogo Lopes, História da Guerra de Pernambuco, Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco, Recife, 1984, p. 258

Com a partida de Stachouwer e de seu sócio de Nicolaes de Rideer, Vieira, que era procurador bastante dos dois holandeses, passou a lucrar com a administração de todos os bens deixados e dos fundos do seu amigo e benfeitor Stachouwer. Logo se apoderou dos engenhos: Guerra/Cabo de Santo Agostinho, Ilhetas, ou Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém, Meio/Recife, Santana/Jaboatão dos Guararapes e Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho, assumindo os débitos contraídos pelos dois sócios na compra das propriedades à Companhia das Índias Ocidentais (débito que nunca foi pago). Se tornando depois um dos homens mais ricos da Capitania, proprietário de 16 engenhos e de mais de 1.000 escravos.
Em 1642, Vieira declarou devedor de 541.610 florins em função da arrematação de contratos de cobrança de impostos e da compra de três engenhos, Vieira conseguiu reescalonar a dívida ao longo de três safras seguintes, oferecendo a garantia de seus bens. Àquela altura Stachouwer devia à WIC uma parcela de 56.999 florins conjunta com Nicolaas de Ridder; e outra parcela de 88.612 florins.
Após a Restauração Pernambucana Fernandes Vieira comprou o engenho do Meio aos herdeiros de Carlos Francisco Drago, que residiam em Castela.
NOTA: Em 1663, os herdeiros de Stachouwer deviam integralmente à WIC o montante do engenho; e Fernandes Vieira, segundo maior devedor da Companhia, a soma de 321.756 florins.
Em 1686, o engenho do Meio pertencia a D. Maria César, viúva de João Fernandes Vieira.

D. Maria César.
Filha do madeirense Francisco Berenguer de Andrade (um dos principais líderes da Insurreição pernambucana e senhor do eng. Giquiá/Recife), pessoa de boa estirpe perante o clã dos Albuquerque, e de Joana de Albuquerque.
Casamento 01: João Fernandes Vieira (dados acima)
Filhos encontrados: (s.g.)
Senhora dos engenhos: Abiaí/Itamaracá; do Meio/Recife-Várzea; Guerra/Cabo de Santo Agostinho; Ilhetas, Nossa Senhora de França, ou Nossa Senhora de Guadalupe/Serinhaém; Jacaré/Goiana; Molinote, ou Santa Luzia, depois Sacambu/Cabo de Santo Agostinho; Santana/Jaboatão dos Guararapes; Santo André/Jaboatão dos Guararapes - Muribeca; Santo Antônio/Goiana; São João (antes Nossa Senhora do Rosário)/Recife-Várzea; Velho ou da Madre de Deus/Cabo de Santo Agostinho. Na Paraíba: Inhaman, Inhobim ou dos Santos Cosme e Damião, Gargaú e São Gabriel. Tibiri de Baixo e Tibiri de Cima.
Fontes:
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47 (2). Pág. 464. Anais 1926 Vol 48 (7). Pág. 224.

No fim do século XVII ou no começo do XVIII o engenho pertencia a João Carneiro da Cunha.

João Carneiro da Cunha
Filho de Manoel Carneiro de Mariz e de D. Anna Carneiro de Mesquita (sobrinha pelo lado de sua mãe de seu marido). Neto paterno de João Carneiro de Mariz. Neto materno de Paulo Carvalho de Mesquita e de D. Úrsula Carneiro de Matiz. Irmão de Manuel Carneiro da Cunha que foi senhor do engenho Brum Brum/Recife. Vereador de Olinda (1657). Juiz Ordinário (1688 e 1702). Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Olinda (1704).
Casamento 01: D. Anna de Mesquita, sua prima, filha de Paulo de Carvalho de Mesquita e de D. Úrsula Carneiro.
Filhos encontrados:     
01- Pedro da Cunha de Andrade, falecido criança;
02- Manoel Carneiro da Cunha a quem seu pai mandou para a Índia por querer se casar contra a sua vontade. Capitão de Infantaria;
03- José Carneiro da Cunha, sucessor no engenho do Meio. C.c. D. Cosma da Cunha, filha de Manoel Carneiro da Cunha e de D Sebastiana de Carvalho. (c.g.)
04- Paulo Carneiro da Cunha, falecido solteiro e sem deixar geração;
05- Pedro da Cunha de Andrada, Clérigo Presbítero;
06- Antônio Carneiro da Cunha, Jesuíta. Depois abandonou a Ordem. Faleceu solteiro e s.g.
07- D. Joanna Carneiro primeira esposa de Francisco de Moura Rolim – Fidalgo da Casa Real, Mestre de Campo de Auxiliares. Filho de Felipe de Moura (Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Comendador de São Miguel da Ribeira Oto na Ordem de Cristo e Alcaide-mor de Olinda) e de D. Margarida Accioly. (s.g.)
08- D. Anna Carneiro de Mesquita segunda esposa de João Baptista Accioly de Moura – Fidalgo Cavaleiro da Casa Real e Alcaide-mor de Olinda. Irmão de Felipe de Moura Rodlim casado com sua cunhada. (c.g.);
09- D. Úrsula Carneiro c.c. Manoel Garcia de Moura Rolim, em 1701. Fidalgo Cavaleiro da Casa Real (1677). Senhor do eng. do Salgado/Ipojuca. Nascido em 1677. Filho de Antônio de Moura Rolim (Fidalgo da Casa Real) e de D. Mécia de Moura. (s.g.);
10- D. Cosma da Cunha. Falecida solteira e s.g.
Senhor do eng. do Meio/Recife-Várzea
Fontes:
http://www.outrostempos.uema.br/OJS/index.php/outros_tempos_uema/article/viewFile/14/8
http://www.arquivojudaicope.org.br/museu_virtual_autores_detalhe.php?id=6
http://www.snh2013.anpuh.org/resources/anais/27/1364351603_ARQUIVO_DOC.pdf
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47 (7). Pág. 199, 429, 476

         Após o falecimento de João Carneiro da Cunha o engenho passou a pertencer ao seu filho: José Carneiro da Cunha.

José Carneiro da Cunha
Filho de João Carneiro da Cunha (senhor do eng. do Meio/Recife-Várzea) no engenho do Meio.
Casamento 01: D. Cosma da Cunha, filha de Manoel Carneiro da Cunha e de D Sebastiana de Carvalho. (c.g.)
Filhos encontrados:
01- José Manoel Carneiro da Cunha – Por muitos anos foi julgado na Relação do Porto o Morgado de São Roque e Horta Grande da Vila do Conde, pela clausula da sua instituição exclusiva de fêmeas em que havia recaído. Solteiro e com pouca saúde;
02- D. Anna Carneiro da Cunha, solteira;
03- D. Úrsula Carneiro Maris, soleira;
04- D. Antônia da Cunha c.c. Jacinto de Freitas da Silva (casou depois com (NI) mas sem geração) – Batizado em 16.03.1680/Sé de Olinda. falecido em 24.12.1757. Fidalgo Cavaleiro da Casa Real. Tenente Coronel de um dos três Regimentos de Auxiliares de Pernambuco, chamado de Volante e que foi extinto em 1739 por conta da criação Real dos Terços com Mestres de Campo. Vereador de Olinda (1715, 1729 e 1744). Provedor  da Santa Casa da Misericórdia (1732). Sucessor de seu irmão mais velho no senhorio do eng. Casa Forte/Recife-Casa Forte. (c.g.
04- D. Isabel Bernarda de Freitas da Silva c.c. Antônio da Silva Santiago – Estudou em Coimbra. Filho de
Senhor do eng. do Meio/Recife-Várzea
Fontes:
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1925 Vol 47 (7). Pág. 199
Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1926 Vol 48 (8). Pág. 173, 174

Hoje suas terras foram reocupadas pelo bairro do Engenho do Meio com uma área de 90,8 ha, que surgiu de uma povoação que se formou em torno do antigo engenho, e que integra a 4ª região político-administrativa do Recife, fazendo limites com os bairros de Torrões, Cordeiro, Iputinga, Cidade Universitária e Curado. Possui 02 praças: a Praça do Bom Pastor e a Praça do Engenho do Meio. O principal logradouro do bairro é a Rua Antonio Curado
       No local onde existiu a casa grande do engenho há uma estátua de João Fernandes Vieira, que, segundo a sua placa alusiva, foi um de seus proprietários.

Fontes:
Acioli, Vera Lúcia Costa. Disponível em: http://www.arquivojudaicope.org.br/museu_virtual_autores_detalhe.php?id=6
Fernando Pio, "Cinco Documentos para a História dos Engenhos em Pernambuco".
http://lhs.unb.br/biblioatlas/N_S._%C4%91_Candas_%28Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua%29
http://pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_do_Meio
http://www.pe-az.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1089:engenho-do-meio&catid=57&Itemid=176
Mello, Evaldo Cabral de. O Bagaço da Cana. 1ª edição. Edt. Penguin Classics Companhia das Letras. São Paulo, 2012. Pág. 61, 62.
MELLO, Evaldo Cabral de. O Bagaço de Cana: os engenhos de açúcar do Brasil. 1ª edição. Edt. Penguin & Companhia das Letras. São Paulo, 2012. Pág. 61-62
MELLO, José Antônio Gonçalves de. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. 2ª edição. CEPE, 20004. Pág. 152
PEREIRA, Levy. "S. Carlis (engenho de bois)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/S._Carlis_(engenho_de_bois). Data de acesso: 13 de dezembro de 2014.

Revista do Museu do Açúcar. Vol. 2. Recife, 1969. pp. 26-31.