Fontes

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30/10/2013

Engenho Cocaupe, depois Cucau/Sirinhaém

Distrito de Serinhaém: O distrito de Serinhaém se estendia ao sul do Rio Pirassinunga até o Norte do Rio Marcoype, e está perfeitamente extremado com marcos e pedras fincadas. A este distrito pertencia uma parte da freguesia de Ipojuca, desde os currais de Marcaype, compreendendo os engenhos de Francisco Soares Cunha e de Miguel Fernandes de Sá, e a freguesia de Una. No distrito existia a cidade chamada Vila Formosa de Serinhaém e a povoação de São Gonçalo de Una, além de alguns outros lugarejos. Dos 18 engenhos de Serinhaém, 11 não moerão e 07 foram confiscado, durante a ocupação holandesa.

Engenho Brasil colonial
O engenho Cocaupe, depois Cucau era movido à água e possuía uma igreja dedicada a Nossa Senhora da Penha de França. Suas terras ficam localizadas na margem direita do Córrego Lava Mão ou Rio Dois Braços, a três milhas em direção às matas, ao oeste do engenho Camaragibe; sob a jurisdição da Vila Formosa de Serinhaém. Tinha cerca de uma milha de terra, da qual a maior parte eram matas. As várzeas estavam plantadas com canas e podia produzir 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar, pagando duas arrobas de branco por milhar, depois de dizimado; sua moenda era movida com água de um açude razoável, mas muitas vezes faltava água de modo que o engenho não pode moer. No inverno dificilmente os açúcares podiam ser transportados, porque as estradas ficam intransitáveis; pagando de recognição 02 arrobas em cada mil. A casa de purgar e a casa das caldeiras eram de taipa.
Nomes históricos: Macucaguĩ (Macucagui); Cocaú (Cocaupe, Coucaupe); Nossa Senhora da Penha de França. Nome atual: Usina Cucaú Rio Formoso.

         Seu proprietário durante a invasão holandesa era D. Francisco de Moura, que residia em Portugal ou nas Índias, a serviço do rei da Espanha. O engenho foi queimado e ficou destruído, estava abandonado e sem moradores.

Francisco de Moura (Dom) – Filho de Francisco de Moura e de D. Genebra de Albuquerque. Neto materno de Felipe Cavalcante e de D. Catarina de Albuquerque. Bisneto materno de Jerônimo de Albuquerque, o Torto, e de D. Maria Arcoverde. Governador de Pernambuco (1603/1615). Capitão-mor. Viajou para a Europa onde foi servir ao Reis em Flandres e na Índia, ocupando vários postos relevantes. Governador de Cabo Verde.
Escreve Evaldo Cabral de Mello (Olinda Restaurada, pag. 333): D. Francisco foi a verdadeira eminência parda da armada do Conde da Torre, de ordem do monarca espanhol: devido à experiência militar e conhecimento da terra, o Conde deveria consulta-lo nas grandes decisões, ajustando-se a seu parecer e cultivando-pessoalmente.  O Conde dobrou-se às ordens, que tinham a vantagem de lhe permitir responsabilidades pelo eventual insucesso da armada. Já por ocasião do Conselho de Guerra levado a efeito em Cabo Verde, ele invocou sua experiência militar exclusivamente norte-africanas para transferir a D. Francisco a decisão sobre se deveria atacar Pernambuco diretamente, como previsto, ou navegar para a Bahia. Ao rumar contra o Brasil holandês, o Conde reivindicou todo o mérito da empresa, escrevendo ao Duque de Vila Hermosa: “porque D. Francisco de Moura, que o Senhor Conde-Duque me deu por companheiro, não tem talento nem ação de homem mais que só aquela aparência.... e como cá na (Bahia) deu com suas irmãs e tia”, refugiadas pernambucanas, “não tratou mais que de as visitar e regalar, fazendo novenas em sua casa e erguendo-se ao meio dia”. Após  o fiasco da expedição, o Conde confessará haver temido “mais as malícias e cautelas de D. Francisco de moura e do Conde de Óbidos que aos holandeses com quem pelejei”.
Participou do primeiro socorro a restauração da Bahia (1624), acompanhado por seu sobrinho Felipe de Moura e Albuquerque. Governador da Bahia (1624/26), comandando 03 caravelas, das quais ele capitaneava a sua, e as outras duas: Jerônimo Serrão e Francisco Pereira Vargas, aos quais se juntaram em Pernambuco ao Capitão-mor do Para, Manoel de Sousa de Sá, Feliciano Coelho de Carvalho, filho do Governador do Maranhão, e o Governador Matias de Albuquerque que lhes deu 06 caravelas, aonde se meteu todo o socorro, e 80.000 cruzados para provimento. Recebeu 04 comendas. Senhor da Ilha Graciosa e do Conselho do Estado. Faleceu solteiro sem sucessão, em 1664.
Casamento 01: Maria de Albuquerque, filha única de Duarte de Sá.
Filhos: Luís de Moura, sem sucessão; João de Albuquerque, sem sucessão; Alexandre de Moura e Albuquerque, sem sucessão; Felipa de Sá, religiosa no convento de Santa Clara em Lisboa; Maria de Albuquerque, religiosa no convento de Santa Clara em Lisboa; e (?), religiosa no convento de Santa Clara em Lisboa
Nota: Seus três filhos seguiram a carreira militar e o celibato. Um deles faleceu com o pai no célebre naufrágio da armada de D. Manuel de Menezes (1627) no litoral da Galiza; outro, no desastre da nau capitania de Tristão de Mendonça Furtado (1644) em Cascais; e o terceiro, Alexandre de Moura, escapou do fado trágico-marítimo dos parentes, participando da guerra contra a Espanha e o Alentejo e contra os holandeses em Pernambuco, e governando a Ilha da Madeira.
Senhor do engenho Cocaupe, depois Cucau/Serinhaém
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais de 1925.
MELLO, Evaldo Cabral de. O Nome e o Sangue. Uma parábola familiar no Pernambuco colonial. Edt. Topbooks. 2ª edição. Rio de Janeiro, 2000.
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Edt. 34. 3ª edição definitiva. São Paulo, 2007.
MELLO, José Antônio Gonsalves. A Economia Açucareira. Fontes para a História do Brasil Holandês. Edt. CEPE. 2ª edição. Recife, 2003


"Planta da Restituição da Bahia"Atlas Estado do Brasil, João Teixeira Albernaz, o Velho, 1631.
Quando os holandeses chegaram ao engenho encontraram na casa de purgar e na das caldeiras, para a Companhia das Índias Ocidentais: 04 caldeiras grandes, 04 tachos novos, 04 escumadeiras, 02 ditas pequenas, 04 pombas, 02 reminhóis, 02 repartideiras, 02 tachas velhas, 08 bois, 02 vacas, 02 novilhos e, mais 06 escravos homens, 06 escravas mulheres e 06 crianças.
Como este engenho tinha muito pessoal e seus canaviais se encontravam maduros, foi permitido ao feitor-mor Paulo Carvalho (nada foi encontrado) que o fizesse novamente moer e fielmente administrar este engenho, como o fez antes, em proveito da Companhia e para comodidade dos lavradores. Por isso ser-lhe-á concedido certo salário quando prestar honestamente contas, e sob essas condições o referido engenho já começou a moer para a Companhia, fazendo uma quantidade razoavelmente grande de açúcar
Em 1640 segundo Dussen (pág. 159) o engenho tinha sido incendiado e destruído e seus moradores fugidos. 
Escravos fugitivos e capturados
Curiosidades: Publicado no Diário de Pernambuco no dia 06/03/1848: Escravos Fugidos. - Fugiram, no dia 21 do próximo passado, do engenho Cucaú, comarca do Rio Formoso, dois pardos, um de nome Patrício, quase aça, ou gazio, de estatura regular, de 16 a 20 anos, cabelos pixaim e um tanto vermelho; e outro de nome Agostinho, quase cabra negro acaboclado, cabelo um tanto corridos e crescidos, de estatura baixa, cheio do corpo, olhos pequenos e um tanto avermelhados, fala branda; não tem barba e se a tem é muito pouca; representa 25 a 30 anos. Roga-se a todas as autoridades e pessoas particulares, que os apreendam e levem-nos ao escritório do Sr. Manoel Gonçalves da Silva, na rua da Cadeia do Recife, ou no mesmo engenho Cucaú, que serão bem recompensados pelo Sr. Francisco da Silva Santiago, senhor dos ditos escravos.
  
José da Costa - Português. Fugiu de Portugal em circunstancias dramáticas e pitorescas. Perseguido por agentes de justiça, com ordens de arrastá-lo vivo ou morto – por ter jogado uma pedra a esmo, numa Praça de Restelo, que teria atingido a cabeça de um cortesão ou de um clérigo poderoso - escapou em desabalada carreira pelas ruas de Lisboa, alcançando um navio que se preparava para partir, no qual se meteu com a roupa do corpo, sem saber para onde ia, até que os marinheiros o despejassem, afinal, nas praias do Recife.
Casamento 01: Maria da Silva.
Senhor dos engenhos: Burarema, Cabuçu, Catuama, Conceição, Cucaú, Limão Doce/Amaraji, Maçaranduba/Timbauba, Mato Grosso /Água Preta, Oncinha/Barreiros, Santo Antônio/Palmares e outros.

                Atualmente o engenho se transformou na Usina Cucau que foi edificada, em 1895, pela Companhia de Melhoramentos em Pernambuco. Muitas figuras ilustres fizeram parte como acionistas e diretores da Companhia, entre os quais: Manoel Borba e José Rufino Bezerra Cavalcanti, ambos governadores de Pernambuco, Arthur de Siqueira Cavalcanti Filho, Barão de Águas Claras, Oscar Bernardo Carneiro da Cunha, coronel Júlio de Araújo, João Cardoso Ayres. Atualmente a usina pertence ao Grupo Armando de Queiroz Monteiro e integra, junto com a usina Laranjeiras, a Companhia Geral de Melhoramentos em Pernambuco. A fase de expansão da empresa teve início em 1944, quando o controle acionário da usina foi adquirido por Armando de Queiroz Monteiro que assumiu sua presidência, transformou a antiga usina através da modernização e incorporação de outras usinas, como a Tinoco, Aipibú e Laranjeiras. A usina Cucaú conta atualmente com 29.733 hectares, sendo 5.400 hectares de área mecanizada.

                A Usina possui 49 engenhos, entre os municípios de Rio Formoso, Ribeirão, Gameleira e Serinhaém, 36 escolas, serviços de assistência à saúde e política habitacional para seus operários. Há uma preocupação permanente dos seus dirigentes com a qualidade e atualização dos equipamentos, implantação de novas tecnologias e automação dos controles. O primeiro difusor para extração do caldo instalado no Brasil foi adquirido pela empresa e instalado na usina Cucaú, no final do século XIX.
 
Usina Cucau
Fontes consultadas:
ANDRADE, Manuel Correia de. História das usinas de açúcar de Pernambuco. Recife: FJN. Ed. Massangana, 1989. 114 p. (República, v.1)
GONÇALVES & SILVA, O assucar e o algodão em Pernambuco. Recife: [s.n.], 1929. 90 p.
GONSALVES DE MELLO, José Antônio. A Economia Açucareira. Fontes para a história do Brasil Holandês. 2ª edição. Governo do Estado de Pernambuco. CEPE. Recife, 2004
MOURA, Severino. Senhores de engenho e usineiros, a nobreza de Pernambuco. Recife: Fiam, CEHM, Sindaçúcar, 1998. 320 p. (Tempo municipal 17).
PEREIRA, Levy. "Macucaguĩ (Engenho de roda d'água)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em: http://lhs.unb.br/biblioatlas/Macucagu %C4%A9_(Engenho_de_roda_d%27%C3%A1gua). Data de acesso: 28/10/2013
http://www.dpnet.com.br/anteriores/1998/03/06/historia1.html

Camela, Jaguaré, ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca

Jaguaré, Camela ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca 


    O distrito de Serinhaém se estendia ao sul do Rio Pirassinunga até o Norte do Rio Marcoype (Maracaípe), e está perfeitamente extremado com marcos e pedras fincadas. A este distrito pertencia uma parte da freguesia de Ipojuca, desde os currais de Marcaype, compreendendo os engenhos de Francisco Soares Cunha e de Miguel Fernandes de Sá, e a freguesia de Una. No distrito existia a cidade chamada Vila Formosa de Serinhaém e a povoação de São Gonçalo de Una, além de alguns outros lugarejos. 

    O engenho Jaguaré (Camela ou Camelinha/Serinhaém, hoje Ipojuca)  foi fundado por Jerônimo de Atayde. Segundo o inventário feito pelo Conselheiro Schott  o engenho ficava localizado na região do Rio Jagoaré, ao Sul do Rio da Jangada até o Rio Una, tinha cerca de uma milha de terra com poucas várzeas e muitos montes. Sua moenda era movida com água e podia produzir anualmente 3.000 a 4.000 arrobas de açúcar, pagando de imposto 02 arrobas por mil. A casa de purgar e a casa das caldeiras eram feitas de taipa, mas os holandeses as encontraram arruinadas e nelas nada foi encontrado para a Companhia das Índias Ocidentais holandesas. O engenho foi abandonado e depois confiscado pela Companhia, mas ainda não vendido, pois estava arruinado e de fogo morto. Nota: Dos 18 engenhos de Serinhaém, 11 não moeram e 07 foram confiscados, durante a ocupação holandesa.

Ruínas da casa grande do eng. Jaguaré
Curiosidades: O engenho Camela deu nome a povoação de Camela – situada a 27 km de Ipojuca, que possui uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição

    Das edificações existentes no engenho só restam a roda d'água, a capela e a casa grande que foi construída no séc. XVIII, feita em alvenaria de tijolo de formato retangular, assemelhando-se a um chalé. Tem uma escadaria de acesso de tijolo e cimento com dez degraus. Toda a frente e a lateral direita é alpendrada. Tendo os beirais superiores em madeira alpendrada. A lateral fica ao rés do chão e possui cinco arcos, os quais se supõe que eram os quartos dos escravos domésticos. A capela tem na frente uma escadaria, planta quadrangular, bastante singela, possuindo um nicho com um sino à sua lateral. Encontra-se em estado regular de conservação, servindo de moradia a famílias desabrigadas. Situa-se às margens da estrada, rodeada de árvores frutíferas de médio porte. Pode-se avistar um capoeirão de mata e o canavial.

Curiosidades: Segundo Adriaen van Bullestrate em “Notas do que se passou na minha viagem, desde 1641/1642, quando foi encarregado por um Alto e Secreto Conselho de visitar “as regiões do sul desta conquista”, escreve em 29/12/1641: “Em Serinhaém está vago o engenho de ... [não indica] que pertenceu à viúva de Jerônimo de Ataíde, que se retirou; ali ainda está vago o engenho Araquara, do qual era proprietário Vicente Campelo, que se retirou. Deste e do outro, deve-se dispor oportunamente para venda”. 

O que resta hoje das ruínas da casa grande do engenho.

Proprietários Encontrados

Jerônimo de Atayde de Albuquerque – Filho de Gaspar Dias de Athayde, que viveu em Olinda (1580) e de D. Brites de Albuquerque, filha de Jerônimo de Albuquerque e a índia Maria do Espírito Santo Arcoverde. Jerônimo de Atayde já era falecido em 1635. Seu engenho, durante a invasão holandesa era administrado pela sua viúva D. Catharina. Segundo Pereira da Costa não confundir Jerônimo de Ataíde com D. Jerônimo de Ataíde, Conde de Athonguia, Governador e Capitão General do Estado do Brasil, ou seja, o Governador Geral (1654-1657).
Curiosidades: “Em Serinhaem está vago o engenho de... [não indica] que pertenceu à viúva de Jerônimo de Ataíde, que se retirou; ali ainda está vago o eng. Araquara, do qual era proprietário Vicente Campelo, que se retirou. Deste e do outro, deve-se dispor oportunamente para venda”. (José Antônio Gonçalves de Mello, Administração da Conquista, II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife, 2004, pg.)
Casamento 01: Catharina Camella.
Filhos: Gaspar de Albuquerque casado na Bahia com Joana de Vasconcelos de Albuquerque, c.g.
Senhor dos engenhos: Jaguaré ou Camela/Serinhaem; Jaserú, Nossa Senhora da Palma/Serinhaem.
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1903 Vol 25
PEREIRA, Levy. "Iaguâré (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Iagu%C3%A2r%C3%A9_(engenho). Data de acesso: 9 de novembro de 2013.

Capela do engenho Jaguré
                Após o falecimento de Jerônimo de Ataíde o engenho passou a ser administrado por sua viúva D. Catharina Camella.

Catharina Camella – Depois que seu marido Jerônimo de Atayde de Albuquerque faleceu (1635) ficou administrando seus engenhos. Durante o êxodo dos senhores de engenho de Pernambuco, em 1635, fugiu com seu filho e a sua sobrinha D. Catarina (viúva de Pedro de Albuquerque), D. Catarina Barreto (viúva de D. Luiz de Sousa), D. Madalena (viúva de Felipe de Albuquerque) e mais cerca de 8.000 pessoas, que deixaram para trás suas propriedades expostas a cobiça e estrago dos holandeses.
Filhos: Antônio de Ataíde c.c. Maria Josefa de Albuquerque; Gaspar de Albuquerque casado na Bahia com Joana de Vasconcelos de Albuquerque, c.g.
Curiosidades: Reza a lenda que moradores do lugar encontraram uma imagem de Santo Antônio na cachoeira do Engenho São Pedro. A imagem mede aproximadamente, 40 cm, evidenciando o Menino Jesus no braço de Santo Antônio, que é atualmente guardada como relíquia. D. Catarina Camella, dona do Engenho Camelinha, ainda hoje existente, mandou construir um nicho para guardar sua imagem. Sempre ao amanhecer, D. Catarina fazia suas orações para o Santo e, por diversas vezes, a imagem não mais estava lá no nicho, saiam para procurar a imagem e a encontravam de volta a cachoeira onde foi encontrado por diversos moradores.
Um dia, D. Catarina fez uma promessa ao Santo: se ele ficasse no nicho, ela iria chamar a população para construir uma igreja para ele em um lugar de destaque no engenho Camela. Quando ela chegou ao nicho na manhã seguinte, lá estava a imagem de Santo Antônio. Exercendo influência moral e espiritual perante a comunidade, sendo extremamente fervorosa e muito ligada à Igreja, chamou as pessoas para construírem a capela de santo Antônio de Camela com as pedras da própria cachoeira. Os povoadores do lugar começaram a carregar as pedras na cabeça para edificar a Capela e assim cumprir a promessa feita pela devota Catarina de Camella: poporcionar aos devotos um local ideal para devoção dos fiéis.
Fontes consultadas:
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1903 Vol 25

PEREIRA, Levy. "Iaguâré (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Iagu%C3%A2r%C3%A9_(engenho). Data de acesso: 9 de novembro de 2013.

                O engenho depois aparece como sendo de propriedade de seu filho Antônio de Ataíde de Albuquerque.

Antônio de Ataíde de Albuquerque – Filho de Jerônimo de Ataíde de Albuquerque e de D. Catharina Camella. Serviu com muita honra nas guerra da capitania de Pernambuco. Soldado. Alferes. Seguindo o exemplo dos familiares dos senhores de engenho confiscados pela Companhia das Índias Ocidentais que, havendo seguido a carreira militar, regressaram a Pernambuco como oficiais do exército restaurador. Participou da defesa de Serinhaém nas quatro batalhas navais e nas duas do Monte Guararapes, onde foi ferido. Pelo serviço prestado o Rei D. João IV lhe doou a propriedade do Ofício de Juiz de Órfão da vila Formosa de Serinhaém, por provisão de 28/05/1656 (fl. 139 do livro 1º da Secretaria do Governo).
Casamento 01: Maria Josefa de Albuquerque, parentes, filha de Luiz de Albuquerque de Mello e D. Simoa de Albuquerque.
Filhos: Antônio de Ataíde de Albuquerque
Fontes Consultadas:
MELLO, Evaldo Cabral de. Olinda Restaurada. Guerra e açúcar no Nordeste, 1630-1654. Pág. 340. Edt. 34. 3ª edição. São Paulo, 2007.
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.

Sebastião Galvão (1908) escreveu que o povoado de Camela possuía uma capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Hoje  em Camela só existe  a igreja de Santo Antônio, o único templo católico de Camela, onde em sua fachada existem duas datas: 1907 -1968. A primeira data deve ser de uma restauração; a segunda, conforme os paroquianos foi a de uma ampliação promovida pelo Prefeito de Ipojuca. Em 2008, o Vigário Frei Carlos Alberto, realizou melhoramentos, deixando a Capela mais alegre e espaçosa (foram gastos na reforma cerca de R$7.000,00 (sete mil reais).
Roda d'água do engenho Jaguaré
O engenho atualmente possui uma casa grande, roda d'água e capela que fazem parte do inventário do patrimônio cultural Região de Desenvolvimento da Mata Sul, Serinhaém.. A casa grande foi provável construída no séc. XVIII, feita em alvenaria de tijolo de formato retangular, assemelhando-se a um chalé. Tem uma escadaria de acesso de tijolo e cimento com dez degraus. Toda a frente e a lateral direita é alpendrada. Tendo os beirais superiores em madeira alpendrada. A lateral fica ao rés do chão e possui cinco arcos, os quais se supõe que eram os quartos dos escravos domésticos. A capela tem na frente uma escadaria, planta quadrangular, bastante singela, possuindo um nicho com um sino à sua lateral. Encontra-se em estado regular de conservação, servindo de moradia a famílias desabrigadas. Situa-se às margens da estrada, rodeada de árvores frutíferas de médio porte. Pode-se avistar um capoeirão de mata e o canavial.
Em 1917 foi fundada a Usina Jaguaré/Sirinhaém, no engenho do mesmo nome. Pertencia ao senhor Oscar Cardoso da Fonte, seu fundador. Não possuía estrada de ferro, sendo o transporte da cana e lenha feito por animais e caminhões. O açúcar e o álcool eram transportados para o Recife por via marítima, em barcaças. Sobreviveu em mãos do senhor Oscar Cardoso da Fonte durante 26 anos. Depois de vendida ao senhor Diniz Perilo, permaneceu por mais cinco anos, sendo absorvida (1948/49) posteriormente pela Usina Trapiche da firma M. Lima Etc., Companhia, em 1950, com uma produtividade de 5.459 sacos de açúcar.http://img.hotempreendedor.com.br/selo-importarroupas.gif
Hoje as terras do engenho pertencem a Usina Salgado, para se chegar ao engenho pega a Pe-064 e logo na beira da rodovia avistamos a capela e as ruínas da casa-grande, da qual só resta a parte de baixo da residência, onde ficava a senzala.

Fontes consultadas:
Fotos tirada do blog: thiagopovo.blogspot.com
Borges da Fonseca, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana.
COSTA, Francisco Augusto Pereira da, Anais Pernambucanos, Vol. 3, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife. 1983, p. 81.
GALVÃO, Sebastião de Vasconcellos, Dicionário Corográfico, Histótico e Estatístico de Pernambuco, Volume I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco – CEPE, Recife, 2006, pg. 145
Gonsalves de Mello, José Antônio. 1985, pg. 193
Gonsalves de MELLO, José Antônio. A Economia Açucareira, I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife, 2004, p. 69
Gonsalves de MELLO, José Antônio. Administração da Conquista ,II, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, CEPE, Recife, 2004, pg. 157).
Panorama Cultural, 2005. fundarpe - Diretoria de Preservação Cultural. Governo do Estado de Pernambuco.
Pereira da Costa, Anais Pernambucanos, Vol. I, 2ª Edição, Governo de Pernambuco, Recife, 1983, p. 214)

Engenho Camaragibe/Sirinhaém

 

engenho Camaragibe/Sirinhaem
 

    As terras do engenho Camaragibe/Sirinhaem (Camurijĩmírĩ; Camriginÿ), ficavam localizadas na margem esquerda do Rio Camaragibe, afluente do Rio Serinhaém, sob a jurisdição da Vila Formosa de Serinhaém, capitania de Pernambuco. Tinham uma milha de extensão, com poucas várzeas, na maior parte matas e montes. Sua moenda era movida à água e podia produzir anualmente 2.000 a 3.000 arrobas de açúcar, pagando como pensão 2 arrobas em cada mil, depois de dizimado.
 
    O engenho foi fundado em 1549, por Francisco Rodrigues de Porto, talvez em terras recebidas como dote do seu primeiro casamento.
 
    Em 1636, Francisco Porto foi torturado e enforcado pela tropa holandesa. Francisco deixou muitas dívidas num total de 15.000 florins e seu inventário indicou que tinha sido casado duas vezes, pertencendo o engenho a primeira esposa, já falecida, com quem tivera uma filha.
 
    Segundo Borges da Fonseca quando o exército luso-brasileiro estava em Serinhaém visitaram o engenho Camaragibe/Sirinhaém e encontraram 107 caixas de açúcar em um armazém e em outro armazém 160 caixas, que pretenderam leva-los com eles, mas, devido à constante e forte chuva que assolava a região, resolveram deixá-los, pois derreteriam. Como não puderam transportar atearam fogo nos dois armazéns para que o inimigo não se aproveitasse do açúcar armazenado. E foi o que realmente aconteceu: .... voltando ao acampamento, incendiaram o povoado, com exceção da igreja, e partiram para Camaragibe, encontrando no caminho algum gado, mas não viram o inimigo, e levaram-no à frente com cordeiro, até chegarem ao engenho, onde foram distribuídos pela tropa. Mandaram várias forças em busca do açúcar, mas nada encontraram...
 
    Em 1637 o engenho moía sob a gestão da viúva de Francisco Rodrigues de Porto, Branca Mendes e herdeiros, que ficaram sob a obediência dos invasores.
 
    No ano de 1639 a fábrica do engenho Camaragibe moía com 04 partidos de lavradores, no total de 48 tarefas (2.4 mil arrobas) sem partido de fazenda.
 
  • Domingos Pereira 09 tarefas; Gaspar Velho 12 tarefas; Manuel da Cunha 25 tarefas; Petro Peres 02 tarefas.
    O engenho Camaragibe é citado no mapa PE-C (IAHGP-Vingboons, 1640) #40 Capitania de Pharnambocqve - plotado com o símbolo de engenho, 'Ԑ: Camriginÿ'; Præfecturæ Paranambucæ Pars Borealis, una cum Præfectura de Itâmaracâ; e no IBGE Geocódigo 2614204 Sirinhaem-PE.
 
    O próximo proprietário encontrado foi Manuel Correia de Araújo e depois a Sebastião Antônio Accioly Lins Wanderley.
      
     No século XX o engenho Camaragibe pertencia a Mendes, Lima & AMP CIA.
 
Fontes consultadas:
PEREIRA, Levy. "Camurijĩmírĩ (engenho)". In: BiblioAtlas - Biblioteca de Referências do Atlas Digital da América Lusa. Disponível em:http://lhs.unb.br/biblioatlas/Camurij%C4%A9m%C3%ADr%C4%A9_(engenho). Data de acesso: 28/10/2013,
BORGES DA FONSECA, Antônio José Victorino. Nobiliarquia Pernambucana. Anais 1919-1920 Vols 41 / 42 (1) Pág. 168
CABRAL DE MELLO, Evaldo. O Bagaço da Cana. Os engenhos de açúcar do Brasil Holandês. Edt. Penguin & Companhia das Letras, 2009 125
 

PROPRIETÁRIOS/RENDEIROS:

Francisco Rodrigues de Porto - Comerciante de açúcar, residente em Olinda. Cristão novo. Em 1636 foi torturado e enforcado pela tropa holandesa. Francisco deixou muitas dívidas num total de 15.000 florins. Seu inventário indicou que tinha sido casado duas vezes, pertencendo o engenho a primeira esposa, já falecida, e de que tivera uma filha.
Fundou o engenho Camaragibe/Sirinhaém em 1549.
C01- (N). (c.g.)
C02- Branca Mendes (c.g.)
 
Fontes externas:
BORGES DA FONSECA. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais 1919-1920 Vols 41 / 42 (1)
SILVA, Janaína Guimarães da Fonseca, Cristãos-Novos no negócio da Capitania de Pernambuco: relacionamentos, continuidades e rupturas nas redes de comércio entre os anos de 1580 e 1630
 
Manuel Correia de AraújoNasceu em 28.12.1698/Santa Maria Maior, Viana do Castelo District/PT. Filho de Tomé Correia de Araújo e de Antônia Ramos.
Notas Biográficas: Capitão-mor da vila do Recife, Sargento-mor de Recife, Caixeiro, Almoxarife da Fazenda Real Professou no Convento do Carmo de Goiana em 14/02/1744 e foi exilado para a Bahia, em 27/06/1785, por desobediência a um Breve Apostólico, em 10/05/1781
Senhor do Morgado engenho Pindoba de Cima. E do Morgado do engenho Abiaí. Senhor dos engenhos: do Meio; Tijipió; Camaragibe
 
C01- Teresa de Jesus Correia de Araújo, em 20.11.1763/Sé de Olinda – Nasceu em 1746 e faleceu em 31/7/1796. Filha Manoel Pereira Dutra e Josefa Maria de Jesus. Irmã do Padre Manoel Pereira Dutra. Filhos:

1/8- Tome Correia de Araújo – Capitão. Senhor do vínculo do engenho Abiaí, instituído pelo seu pai.
C01- D. Anna – Filha de Pantaleão Fernandes de Figueredo e de Maria Gomes de Fiqueredo, natural do engenho do Rio Formoso/Sirinhaém
2/8-  Manoel de Santa Teresa, Frei – Professou no Convento do Carmo de Goiana em 14/02/1744 e foi exilado para a Bahia, em 27/06/1785, por desobediência a um Breve Apostólico datado de 10/05/1781. Senhor do engenho Camaragibe – Sob a Invocação de Santiago Maior. Senhor do Engenho Abiaí - Sob a Invocação de São João Batista, do autor Fabio Arruda de Lima....
R01- (N) com quem teve uma filha natural quando morou na Paraíba, chamada Maria Joaquina.
3/8- João da Conceição, Frei; 
4/8- Lucas do Amor Divino, Frei; 
5/8- José Correia de Santa Ana, Frei – Nasceu em 1732; 
6/8- Joaquim Correia de Araujo, Frei;
7/8- Teresa Correia de Araújo – Nasceu em 1746 e faleceu em 3107.1796. (c.g.)
C01- José Vaz Salgueiro Junior, 1ª esposa, em 20.11.1763/Sé de Olinda – Batizado em 09.05.1735 e falecido em 10.02.1802. Tenente Coronel do Regimento de Cavalaria Auxiliar de Boa Vista/Recife (1766). Vereador (1777). Selador e Feitor da Aduana em Pernambuco (cargo herdado de seu pai). Cavaleiro da ordem de Cristo (1764). Senhor do engenho Pará, antes Cucaú/Ipojuca, sob invocação dos Santos Cosme e Damião
8/9- Ana Correia de Araújo – Batizada em 21.2.1735.
C01- Luís Pereira Viana, em 20.11.1763/Sé de Olinda – Batizado em 11/2.1714PT. Filho de João de Lima e de sua mulher Joana Pereira da Costa. Familiar do Santo Oficio. Mestre de Campo. Senhor do engenho Moreno e Bulhões, natural de Viana, Portugal, natural da mesma localidade.
9/9- Com nome e gênero desconhecidos.
 
Fontes externas:
BORGES DA FONSECA. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Anais de 1925. Vol. 47. Pág. 175 / 499
https://www.geni.com/people/Manoel-Correia-de-Ara%C3%BAjo-Morgado-Eng-Pindoba-de-Cima/6000000086827768832
 
Sebastião Antônio Accioly Lins Wanderley – Nascido em 16/01/1829-Serinhaém e falecido em 02/05/1891-Recife. Filho do Cap. Sebastião Antônio Accioly e Joanna Francisca de Albuquerque Lins. Neto paterno de Cristóvão da Rocha de Barros e de Feliciana Ignácia Accioly. neto materno de Sebastião Antônio Accioly Lins e de Joanna Francisca de Albuquerque Lins. Estudou as primeiras letras, com o padre Joaquim Rafael N. Dura, conhecido latinista, no engenho Mamucabas/Rio Formoso que pertencia ao Cel. Manuel Xavier Paes Barreto. Foi bacharel em Direito em 1850 no Curso Jurídico em Olinda. Presidente da Assembleia Provincial em quatro legislaturas. Deputado Provincial em Pernambuco. Barão de Goicana, Dec. 18/08/1882. Senhor de engenho e Usineiro.
O Barão escreveu dois diários, o primeiro começado em janeiro de 1886 e terminado em 1890 foi publicado na revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, Vol. L, Recife, 1978. O outro se perdeu.  Com fotografias na coleção Francisco Rodrigues; FR- 3716
Casamento 01: Feliciana Inácia Accioly Lins, c.g.
Senhor dos engenhos: Camaragibe/Sirinhaém; Fortaleza/Ipojuca; Goiana Grande (Usina Maravilhas)/Goiana; Goicana;  Palma; Portas d'Água;
Porto Alegre; Ubaquinha; Tapuia/Amaraji.
Fontes consultadas:
www.dominiopublico.gov.br
 
Barros, Mendes & AMP, Cia – Antônio Fernandes Ribeiro foi o fundador da firma "Barros, Mendes & AMP, Cia", em sociedade com os portugueses: João José Rodrigues Mendes e Gonçalo Alfredo Alves Pereira, sucedida por "Mendes, Lima & Cia, ao brasileiro José Adolpho de Oliveira Lima. A firma iniciou suas atividades comerciais com a compra de bacalhau, e depois como importadora do mesmo produto. Anos depois interessou-se pela atividade açucareira como comissária e exportadora de açúcar, que adquiria por financiamento antecipado a Engenhos e Usinas. Desse modo conseguiu acumular considerável patrimônio, por compra, ou em ressarcimento daquelas unidades incapazes de saldarem seus compromissos, conforme observa-se pelo levantamento do ativo da empresa por ocasião do inventário procedido com o falecimento do sócio Joaquim Lima d'Amorim que ingressara na firma em 1900, e cujos bens estavam assim arrolados.
Usinas: Perseverança; Trapiche; Ubaquinha
Engenhos: Camaragibe, Jaciru, Cachoeira Nova, Cachoeira Velha , Anjo, Palma, Ubaca, Ubaquinha, Xanguá, Sapucaia, Sibiró do Cavalcanti, Porto Alegre, Gindaí ou Gindahi/Sirinhaém; Jardim /Catende; Jacaré/Goiana; Laje Nova/Palmares; Santana, Mangueira/Água Preta; Sirinhaém depois Todos os Santos, São Bras Coimbero/Cabo de Santo Agostinho; São Domingos/Barreiros; Fluminense; Rosário; Canto Escuro; Trapiche; e Machado.
Fontes consultadas:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_Ant%C3%B4nio_Accioli_Lins